[uma das «leituras Zmab» - S. vai na página 47]
Nélida Piñon, Livro das horas, Temas e Debates, 2013,
pp. 8-9
RECORTE:
Na
primeira visita a Bayreuth, para a temporada operística, percorro o teatro
concebido por Wagner [...]
Sob
o beneplácito do gênio alemão, percorri a cidade, rastreando-lhe a figura e a
da esposa Cosima, de ilustre dinastia, filha de Liszt e da Condessa d’Agoult. A
mãe, além de parir filhos ilegítimos do extraordinário pianista, publicara o
romance Nélida, com o pseudónimo de
Daniel Stern. Um livro lido na adolescência, atraída pelo título. Na mesma
ocasião havendo lido o outro Nélida,
de Renata Halperin, autora argentina. Movida decerto pela curiosidade de saber
o que se escondia sob a custódia de um
nome que ambas as mulheres elegeram e que se concentrava agora na minha
pessoa.
Só
na maturidade descobri, graças a Tarlei, que o título «Nélida» da condessa, e o
pseudônimo que adotara, «Daniel Stern», formavam um anagrama. Não havendo sido o pseudônimo, ao menos de sua parte, um
mero acaso. Antes a deliberada escolha
que desatava entre título e pseudônimo simetrias
e perplexidades.
Motivada por tais coincidências,
participei à família materna o ocorrido. Encantada de constatar que, a despeito
da aversão inicial do avô Daniel pelo nome da neta, pois me queria Pilar, como
sua mãe, estávamos o avô e eu irremediavelmente enlaçados pelo anagrama, graças
à pertinácia da tia Maíta, responsável por semelhante designação. [...]
[sublinhados acrescentados]
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