[a leitura desta «Crónica» de Lobo Antunes «reenviou» C. para o Teatro Anatómico da F. de C. M., da Univ. Nova de Lx, no Campo Santana, para o «longínquo» ano de 76-77, andava D. pelos 21, 22 ...
- ah, relembra que o jovem «Monitor», recém-licenc., pertencia ao «Clã» P. N.....]
- ah, relembra que o jovem «Monitor», recém-licenc., pertencia ao «Clã» P. N.....]
Recorte inicial [truncado]:
«Eu tinha dezasseis anos, quando me matriculei em Medicina [...] e nunca havia posto o olho em cima de um cadáver quando o ensino prático, no teatro anatómico, começou. Depois de esperar com os colegas, de bata e luvas, arrepiadinho de medo, num compartimento que dava para uma sala enorme, cheia de pias compridas, de pedra, os mortos começaram a entrar numa espécie de macas metálicas, com redes que chiavam, nus, de dedo grande do pé munido de um cartão com o nome, amarelos, direitos como paus. Uns empregados [...] transferiram-nos para as pias num pivete de formol. O que parecia o chefe [...], o senhor Joaquim, gordo e bexigoso, veio anunciar
- Está a sopa na mesa
e nós lá fomos, acanhadíssimos, tentando não olhar
(pelo menos eu tentava não olhar, numa vontade louca de fugir a sete pés)
à medida que nos iam distribuindo pelas pias, em redor daqueles corpos amarelos, com o formol a encher-nos de lágrimas. Lembro-me do senhor Joaquim perguntar
- Que tal a sopinha, meus senhores?
[...]
António Lobo Antunes, «A lição de Anatomia», Visão, n.º 1157, 7 a 13 de maio de 2015, pp. 8, 9 completa, AQUI
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