[particularmente pungentes, as páginas que evocam o assassinato do Pai, médico e humanista, em público, não são para transcrever]
na manhã do dia fatídico «surge» «Epitáfio», poema de Borges, título que, de algum modo, se configurará como um antecipado epitáfio do pai de Fac.:
Já somos o esquecimento que seremos.
O pó elementar que nos ignora
e que foi o rubro Adão, e que é agora,
todos os homens, e que não veremos.
Já somos no túmulo as duas datas
do princípio e do termo. O caixão,
a mortalha e a obscena corrupção,
os triunfos da morte, e as endechas.
Não sou o insensato que se aferra
ao mágico som do seu nome.
Penso com esperança naquele homem
que não saberá quem foi sobre a terra.
Sob o indiferente azul do céu
esta meditação é um consolo.
Héctor Abad Faciolince. Somos o esquecimento que seremos. [2006]. Lisboa, Quetzal, 2009, p. 290
na manhã do dia fatídico «surge» «Epitáfio», poema de Borges, título que, de algum modo, se configurará como um antecipado epitáfio do pai de Fac.:
«[...] Suponho que terá sido nalgum momento dessa manhã que o meu pai copiou à mão o soneto de Borges que tinha no bolso quando o mataram, ao lado da lista dos ameaçados. [...]»
Já somos o esquecimento que seremos.
O pó elementar que nos ignora
e que foi o rubro Adão, e que é agora,
todos os homens, e que não veremos.
Já somos no túmulo as duas datas
do princípio e do termo. O caixão,
a mortalha e a obscena corrupção,
os triunfos da morte, e as endechas.
Não sou o insensato que se aferra
ao mágico som do seu nome.
Penso com esperança naquele homem
que não saberá quem foi sobre a terra.
Sob o indiferente azul do céu
esta meditação é um consolo.
Héctor Abad Faciolince. Somos o esquecimento que seremos. [2006]. Lisboa, Quetzal, 2009, p. 290
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