[alcançada a p. 205, de 232]
RECORTE(s): [ver primeiro o da Entrada «Seguinte - Abaixo»]
Mas a personagem mais interessante da escola era Gesù, o professor de modelação (barro ou argila). Encontrámo-nos com ele na sala da sua disciplina. munidos de espátulas, facas, teques, lamelas, esponjas e baldes. Chegou com meia hora de atraso, tinha ganhado essa alcunha por conta dos cabelos compridos e lisos e pela barba por fazer, de um loiro rosado, a fazerem lembrar Nosso Senhor. Vestia um fato desgastado de cor creme, coçava com frequência as bochechas escavadas, tinha os olhos alucinados: arenosos de sono, faiscantes de ideias. Era filho de um actor muito famoso, ostentava o sobrenome do pai [...] A primeira coisa que nos disse foi que nunca tinha ensinado a sua disciplina. O máximo que iríamos conseguir produzir num ano, o que poderia isso ser? Uma taça de argila? Um pequeno vaso? Um cinzeiro?
- Mas quem se rala com isso? - declarou. - Falaremos de alquimia, de Duchamp, de Piero Manzoni, de como conseguiu transformar a merda em ouro, dos cortes de Fontana, dos Cretti de Burri, da Melancholia de Durer... Daremos a volta ao mundo , fechados aqui nesta sala.
_ Vamos fazer história da arte, portanto, professor... ? - sussurrou a Gabriella, sardonicamente. [...]
Federica de Paolis (1971; -), Do lado da mãe (2024), pp. 101 - 102
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.