Morávamos numa casa de dois andares, na esquina da Rua Delfim Moreira com a Almirante Pereira Guimarães, em frente à praia. Na época, uma transversal tranquila, com casas de classe média e sobrados, onde crianças brincavam e jogavam bola na rua. Num dia em que eu jogava com os novos amigos, minha mãe me viu e gritou da janela:
- Seu vigarista, venha terminar o dever!
Riram muito da palavra «vigarista». Acho que a maioria não sabia o significado. Nem eu. Pelo tom, sacamos que era algo que se diz a alguém que quebra uma promessa e deixa os outros irritados. Eles ficaram repetindo, «Vigarista!», «Vigarista, Vigarista!». O apelido pegou. Além disso ela era sofisticada. Enquanto a maioria tinha apelidos simples, Teco, Neco, Caco, o meu vinha de uma palavra sofisticada, que enrolava na boca. Era a cara da minha mãe inspirar um apelido impronunciável. Com o tempo virou Viga.
- Seu vigarista, venha terminar o dever!
Riram muito da palavra «vigarista». Acho que a maioria não sabia o significado. Nem eu. Pelo tom, sacamos que era algo que se diz a alguém que quebra uma promessa e deixa os outros irritados. Eles ficaram repetindo, «Vigarista!», «Vigarista, Vigarista!». O apelido pegou. Além disso ela era sofisticada. Enquanto a maioria tinha apelidos simples, Teco, Neco, Caco, o meu vinha de uma palavra sofisticada, que enrolava na boca. Era a cara da minha mãe inspirar um apelido impronunciável. Com o tempo virou Viga.
Marcelo Rubens Paiva, Ainda estou aqui, p. 101
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.