- na lista, pelo menos 3 «Ex-AA» [dois DIS, uma DOC...];
- artigo de hoje, no «DN», sobre A. dos R.
- na lista, pelo menos 3 «Ex-AA» [dois DIS, uma DOC...];
- artigo de hoje, no «DN», sobre A. dos R.
[do artigo de hoje no «Público»]
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O visto para a família de Mireille foi passado em Toulouse, por Emile Gissot, sob ordens de Aristides de Sousa Mendes |
Manuel Alberto Valente, O outro lado dos livros - Memórias de um editor, 2025, pp. 36 - 37
[atingida a página 281 - de 426]
Federica de Paolis (1971; -), Do lado da mãe (2024), do capítulo final, «RUA NEMORENSE, n.º 33, 1976» [...], pp. 228, 229
Marcelo Rubens Paiva, Ainda estou aqui, p. 101
A máquina de escrever do meu pai
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Esta é a máquina de escrever na qual escrevi meus primeiros textos literários, trabalhos de faculdade, meu primeiro livro Conto É Como Quem Diz , artigos de jornal e trabalhos escolares como professora. Usei-a até o início dos anos 90, quando foi necessário migrar para um computador. Os textos que eu trazia do trabalho para terminar em casa eram em disquetes. Não valorizo a lembrança da minha relação com esta máquina, a que me narra. Ela é importante porque pertenceu ao meu pai. Veio dele para mim. Por isso, a guardo, assim como guardo a máquina de costura da minha mãe, ainda com os carretéis onde ela os colocava e a linha que ela enfiava em furos específicos, numa jornada que não consigo reconstruir, por isso não posso desmontá-la. Mas agora o cenário muda: é noite, tenho seis anos, e este texto está sendo datilografado pelo meu pai. Estou sentada no chão assistindo. Ainda não sei escrever. Rabisco. Meu pai chegou do trabalho. Jantamos. Ele falou comigo e com a minha mãe, e agora está sentado à secretária para escrever este texto só com os indicadores, mas rápido. Está calor. Está de calções, camisola interior e descalço, como eu. A minha mãe repreende-nos por estarmos descalços. É falta de educação. Não é próprio de gente civilizada. Entretanto, passa a ferro a camisa que ele vai usar amanhã. Este texto, que no parágrafo anterior passei para as mãos do meu pai, é um projecto de instalação eléctrica geral de um edifício de 12 andares. Ele vai entregá-lo à Direcção-Geral das Infra-estruturas. Também pode ser um orçamento. É um orçamento, sim. Tantos escudos para cabos, tantos para fusíveis, tantos para tomadas, lâmpadas, fichas e interruptores. X para mão-de-obra. Total de não sei quantos mil escudos. «As raparigas podem ser electricistas?», pergunto. Podem, mas não é comum. Ele nunca viu, mas não é proibido. Quando meu pai não está em casa, brinco com sua máquina de escrever imaginando que sou adulta, casada e empregada em um escritório. Imaginando um futuro. Não sei se um dia olharei para ele sem saber o que fazer com ele. Que o guardarei, assim como a máquina de costura da minha mãe, por razões imateriais. É minha infância. É tempo perdido. Alguém depois o venderá para o ferro-velho, para dar lugar às infâncias que virão, tão puras e únicas quanto a minha. Sem saber disso. Isso mesmo. Mas depois. Quando eu não estiver mais aqui, e perder o controle sobre a matéria. Ficarei com a estimativa que meu pai está registrando, agora mesmo, enquanto escrevo, agora, e que só eu posso ver. Não sei quantos volts, não sei quantos amperes. Pai, o que é um volt? Pai, o que é um ampere? Guardarei essa estimativa imaterial até o fim do fim dos tempos, que está muito longe. Suspeito que nem exista. Mas agora ainda estou aqui. ISABELA FIGUEIREDO Máquina de escrever Rheinmetall, Lourenço Marques |
- cerca de 32 anos depois, por iniciativa de E. F. e H. T. V., cerca de 12 à Mesa - tudo facilitado pelo «Grupo no WPP.s...» - ; só R. levou os livros de L. F. P., logo, obteve as naturais Dedicatórias (como I. F. previamente comunicara a ausência, não levou os desta...) ; com maioria da «margem Sul», inevitavelmente: «a próxima será na Margem Sul...»
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Fotografar a Criança na Sala do Império é uma Tradição (Kennedy, Obama...); à esquina da Mesa, com o «Dedo a Limpar a Sala», passa a ser a mais...; Kevin Lamarque / REUTERS; do «Público», de hoje |
«Autobiografia», 2005, da Série publicada nas últimas páginas do «JL» - recolocada
[a Infância e a avó Camila, sempre... ]
EXCERTO: