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RECORTE (s)
[..] Não ousei olhar para a minha mãe, com receio de que ela dissesse que não, por eu ser demasiado desobediente para histórias. Ainda perplexa com esta reviravolta súbita, subi para o banco que Mrs. Baker tinha puxado para mim, e dei-lhe toda a minha atenção. Era uma nova experiência, e sentia uma curiosidade insaciável.
Mrs. Baker leu Madeline e Horton Hatches the Egg - histórias em verso, com ilustrações enormes e lindíssimas, que vi graças aos meus óculos novos, presos à minha cabeça rebelde por uma fita preta elástica que ia de orelha a orelha. Também leu outro livro de histórias, sobre um urso chamado Herbert que devorou uma família inteira, uma pessoa de cada vez, começando pelos pais. No fim desta história, tinha-me conquistado para a leitura durante o resto da vida.
Tirei os livros das mãos de Mrs. Baker quando ela acabou de ler e tracei as letras pretas grandes com o dedo, vendo outra vez as bonitas cores vivas das ilustrações. Nesse momento, decidi que tinha de aprender a fazer aquilo sozinha. [...] Declarei, muito alto, para quem quisesse ouvir: «Quero ler!»
Audre Lorde, Zami: assim reescrevo o meu Nome - Uma biomitografia, pp. 40 - 41
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