quinta-feira, dezembro 19, 2024

«a verdadeira S.» [visita da]

 - foi S., «a verdadeira S.», que, na sequência «do que não se diz» (o Resto...), fez questão, alguns anos depois, de vir conversar com R. [este, já não volta a mudar de Nome]; foi no sábado, 14, no GLH; pouco come, muito «acelera», algo fuma; 
- àquela que, em tempos, «classificou» estas Casas de ESQZ.as, mostrou-se os endereços das mesmas, e algumas «particularidades» - [sem «abusar», que isto é tudo para exclusivo prazer pessoal, claro];
- pois é

quinta-feira, dezembro 05, 2024

L. C., neta de L. C.

 - pelas 15 e 40, a caminho de «operação especial pedestre» [marcada para as 16, com a dona M., colaboradora de A. Dom.os., 60...]...

- ao fundo da Alameda; estava sentada, «rente ao chão», no «rebordo» do respiradouro do Parque de Estacionamento...; imediatamente reconhecida, de TEX., de há cerca de 7 anos (em casa confirmada no «Bloco G», de 16 - 17); só agora se identificou como «neta de um poeta» [afinal L. C....]...; traçou um percurso de vários «cursos curtos ou rápidos», em áreas diversas, e de experiências profissionais também diversas...; do lado de R., falou-se de Ruben A. (tb. por causa do avô L. C. ...), e de Ana HTy...; well...

segunda-feira, novembro 25, 2024

Futebol na Montra (de «Bambino a Roma»)

  [rapidamente lido, irá provavelmente para a «Mesa das Trocas»...]; não foi; colocado numa EST. do CORR, «Secção C. B»...

RECORTE(S): 
   [...] E às 16h45, hora em que os times estavam prestes a entrar em campo, ouvi o chamado: Brasiliano!
   Eu nunca tinha visto uma televisão de verdade, [...] E agora o Amadeo me levava correndo à Via Topino, onde funcionava uma loja de electrodomésticos que recentemente passara a vender a grande novidade. Havia uma aglomeração defronte da vitrine e o Amadeo pediu prioridade para o brasiliano bem na hora em que a banda acabava de executar nosso hino. Envaidecido, grudei o nariz na vitrine, a uns dois metros de distância da meia dúzia  de aparelhos [...] Às vezes a imagem numa tela se punha a rodar para baixo, no que era imitada pelas outras telas, e o vendedor vinha regular uns botões para aplacar nossos protestos. A transmissão também apresentava uma espécie de chuvisco, que se misturava à tromba-d´água que caía em Berna encharcando o gramado. [...] Lá estavam o Castilho, o Pinheiro, o Didi, nomes que eu não me furtava a recitar em voz alta sem molestar os telespectadores ao meu redor. Ao contrário, eles estavam admirados de ver pela primeira vez um brasileiro de carne e osso e me pediam informações suplementares às do locutor italiano: não, o centromédio Bauer não era alemão, não, o centroavante Índio não morava na selva, nem os laterais Djalma Santos e Nilton Santos eram irmãos, tanto que um era preto  e o outro, branco. [...] 

                                      Chico Buarque, Bambino a Roma2024, pp. 91-92 

[artigo de Isabel Coutinho, no «Ípsilon»          +              Um capítulo]

segunda-feira, novembro 18, 2024

Camões

 - 6 e 50, último acordar, desligar da «Máq. APN»

- Quadrado, ainda em tempos de Ardósia e Giz... Sessão de introdução à Lírica Camoniana. Desinteresse total, nem a «Leonor» dita de Cor os espicaçou; em vão tenta comentar o Soneto de Cor transcrito na Ardósia...; vão saindo; a seis minutos do fim, restam 3 ou 4, de pé, tentando «conduzir a conversa para ouras bandas»...

quarta-feira, novembro 13, 2024

Retrato (Federica de Paolis)

 [alcançada a p. 205, de 232]

RECORTE(s): [ver primeiro o da Entrada «Seguinte - Abaixo»]

  Mas a personagem mais interessante da escola era Gesù, o professor de modelação (barro ou argila). Encontrámo-nos com ele na sala da sua disciplina. munidos de espátulas, facas, teques, lamelas, esponjas e baldes. Chegou com meia hora de atraso, tinha ganhado essa alcunha por conta dos cabelos compridos e lisos e pela barba por fazer, de um loiro rosado, a fazerem lembrar Nosso Senhor. Vestia um fato desgastado de cor creme, coçava com frequência as bochechas escavadas, tinha os olhos alucinados: arenosos de sono, faiscantes de ideias. Era filho de um actor muito famoso, ostentava o sobrenome  do pai [...] A primeira coisa que nos disse foi que nunca tinha ensinado a sua disciplina. O máximo que iríamos conseguir produzir num ano, o que poderia isso ser? Uma taça de argila? Um pequeno vaso? Um cinzeiro? 
   - Mas quem se rala com isso? - declarou. - Falaremos de alquimia, de Duchamp, de Piero Manzoni, de como conseguiu transformar a merda em ouro, dos cortes de Fontana, dos Cretti de Burri, da Melancholia de Durer... Daremos a volta ao  mundo , fechados aqui nesta  sala. 
  _ Vamos fazer história da arte, portanto, professor... ? - sussurrou a Gabriella, sardonicamente. [...] 

Federica de Paolis (1971; -), Do lado da mãe (2024), pp. 101 - 102

terça-feira, novembro 12, 2024

«Aquela escola era um oásis...»; Federica de Paolis

 [alcançada a p. 123]

RECORTE(s):

     A escola de artes era uma sinfonia de pré-fabricados cheios de rascunhos, a casa das segundas escolhas, dos falhados, dos marginais. Uma torrente de repetentes, autistas, punks fluía pelos seus corredores. O mesmo era válido para os professores, deambulavam de uma sala de aula para outra, com a cabeça no ar, sem registos, a improvisação era o denominador comum dos docentes. [...] Nos intervalos, o odor a erva irradiava das casas de banho a par do odor a piza. Os rapazes vagueavam lá fora pelo asfalto cinzento rodeado por muros. As principais matérias eram: desenho de natureza morta [...], desenho de figura humana (bustos no decurso do primeiro ano, depois modelos: mulheres do Nordeste, drogadas) e projecto. Algumas horas de matemática e depois história da arte, italiano.
[...]
    No bolso, para além da pílula, os Marlboro Suave (...) e os laxativos, agora tinha dois lápis e um afia, o mundo, finalmente, abria-me as suas portas. Não havia competição, autoridade ou felicidade a conquistar-se. Aquela escola era um oásis de retardados, grafites e borracha artística. Acima de tudo, o que valia era o olhar. O mundo do desenho coincidia com o literário, o que contava era o ponto de vista. Não as desinências, as regras, os casos. Apenas a subjectividade e a técnica. Eu gostava de desenhar, ainda que não fosse muito capaz; tinha vontade de aprender. [..]

Federica de Paolis (1971; -), Do lado da mãe (2024), pp. 100 - 101

domingo, setembro 29, 2024

Cardoso Pires e Sttau Monteiro, no «25» + «Mona Lisa»

 - um «Ex-AA» de outras eras [... começa a trabalhar por volta dos 14 anos ao mesmo tempo que frequenta o curso de Desenhador, Gravador e Litógrafo, na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, [...], guardou as fotografias que fez no tal dia durante 50 anos... [«P2», «Público]; mostra finalmente 50, diz que tem mais...

“Eu era um deles, o povo. Só que eu tinha uma câmara fotográfica e eles não”
Os escritores José Cardoso Pires e Luís de Sttau Monteiro no Largo do Carmo, [...] José Carlos Nascimento


- Intitula de «Mona Lisa» o Retrato:
[...] «aquele retrato que José Carlos Nascimento considera a sua "Mona Lisa": um grande plano do rosto de um soldado que olha o fotógrafo com uma daquelas expressões que se tornam perenes, tanto por ser indecifrável quanto por nos desafiar a cada momento que olhamos para ela. Nesta parte, é Nascimento quem faz a pergunta (“Como é que se define essa expressão?”), ensaiando uma resposta logo a seguir: “Não é de resignação, mas também não é de pânico, de medo ou de ódio. Há serenidade e expectativa. Mas é uma expectativa serena, uma certa indiferença até. É um pouco inexpressivo quase. Não sei… não consigo descrever bem este olhar, sinceramente.”

terça-feira, agosto 06, 2024

Madrid, Moscovo, Londres; «Hoje Caviar...»

 - atingida, na ESPL. da P. P. C. (Sombra dos Agostos...), a p. 140 desta «autobiog.a em Espelho» + Diário + Memórias..., final da I Parte, «Madrid»...; 
- predominam as transcrições do Caderno da Mãe de C. P. (12, em 65) =  representações «amáveis»  do Quotidiano de família de Diplomata, pelas  décadas de 60, 70, 80, com Receitas [...]

RECORTE (s) desse Caderno, da narrativa da Viagem de Barco para Madrid:

     29 de novembro

    Se durante todos estes dias não escrevi nada no meu diário de bordo, é porque metade do tempo jazi moribunda no camarote. À conta disso, depois da festa da passagem do Equador [...], perdi os concursos de shuffle board da Carmen com umas amigas italianas, os passos firmes e marinheiros do Gervasito no convés em plena tempestade, levado pela trela pelo Luís, e sobretudo a proclamação da Mercedes como campeã infantil de twist. Uma pena realmente, mas uma mãe não pode estar sempre no exercício dessa função; de vez em quando também nós adoecemos. [...]

Carmen Posadas, Gervasio Posadas, Hoje caviar, amanhã sardinhas [2008], 2024, p. 32
[LONDRES, Excerto, «Beefeaters»]; [RECORTE]; [OUTRO]; os irmãos em Lisboa;

quarta-feira, julho 31, 2024

Pesadelo com Rugido

 - 5 00: «APN» (1.º desligar da MÁQ.a)

 - de manhã cedo, concentração na Zmab, para um almoço de «comemoração» de [...], em [...]; levaram todos os carros, incluindo o de D., com as chaves de casa e documentação vária; deambulou o resto do dia, sem comer e sem que lhe atendessem o telefone; ao anoitecer chegaram várias autoridades, com um jovem casal holandês, que reinvindicava a propriedade do Paraíso; recontou o processo de 12-13, mas, sem documentos que o provassem...; nem a mana C. nem o sobrinho P. nem o filho J. lhe atendiam o telefone; finalmente, atendeu um GNR, que lhe comunicou que a Mana C. cometera uma infracção, agredira um agente e fora acidentalmente atingida por consequente disparo...[...]

terça-feira, julho 16, 2024

De Luizinho a Luizão

        [Excerto Recortado]
     No Clube Húngaro, onde íamos almoçar aos domingos, antes de meu pai jogar seu carteado, eu era também o Luizinho. [...] Na gráfica do meu avô, onde  eu passava algumas tardes, idem. Por isso eu gostava mais de ir à gráfica aos domingos.
     No fim de semana, o Giuseppe me levava à Cromocart e abria a pesada porta pantográfica de ferro, para lá ficar, a sós com o neto, por cerca de duas horas. Nesses dias ninguém estava trabalhando, e eu não tinha que ouvir os funcionários me chamarem pelo apelido, para agradar o meu avô. Era curioso o tratamento na gráfica, onde estava implícito que eu seria o futuro chefe. No entanto, de calças curtas, era tratado de um modo que eternizava a condição infantil. [...] (pp. 59-60)
   Passei a ser conhecido por Luizão, apelido que veio tão espontaneamente quanto o primeiro. Acredito que isso não se deu apenas pela minha estatura, mas por uma mescla desta com meu jeito expansivo e eloquente naquele grupo. Na época eu trajava quase diariamente um macacão jeans, com a língua dos Rolling Stones costurada na parte de cima, ténis All Stars vermelhos, e usava cabelos que chamávamos de black power. Hoje esse termo dificilmente seria usado para qualificar o penteado de um garoto judeu, branco e de classe média-alta. Eram outros tempos. Esse foi o visual que marcou minha figura naquele período, a imagem da libertação de uma infância cheia de diminutivos.

Luiz Schwarcz, O ar que me falta - História de uma curta infância e de uma longa depressão, 2021, p. 59-60; 68

segunda-feira, julho 15, 2024

Mundial de 1966 + Metáfora(s) + «Magriço(s)»

 - [em 66, tb. com 10 anos, D. assistiu aos jogos na sala de dentro da «Tasca do Pepe», na Esquina da C. da B. G...]

     «Do último ano em que fui à Ma-Ru-Mi, me recordo de um episódio que teve um sabor agridoce para mim. Foi lá, já com dez anos, que ouvi pelo rádio a derrota do Brasil para Portugal, na Copa do Mundo de 1966. Lembro bem de todos amontoados para escutar o jogo, que marcou nossa eliminação da Copa de Inglaterra. O sentimento de impotência ao acompanhar uma derrota do seu time numa partida de futebol é sempre grande. No rádio essa sensação é ainda maior. Com vinte pessoas entre você e o aparelho, a coisa só piora. No entanto, em meio a tanta tristeza, fiquei fascinado pela narração, na qual Fiori Gigliotti, pródigo em metáforas, ministrava uma aula inicial sobre essa figura de linguagem. "Abrem-se as cortinas, torcida brasileira": assim ele começava a transmissão de todos os jogos. O gramado era um tapete ou tablado verde, o atacante português Eusébio uma pantera. [...] 

Ilustração de Vasco Parracho, de 27 de Junho, no «FACE»

A força dramática com que aquela derrota foi narrada nunca saiu da minha cabeça. E eu, vivenciando mais uma experiência triste de férias, escutava comovido Fiori Gigliotti falar no fim do jogo, "tudo é melancolia no lado brasileiro", "tudo é dor, senhoras e senhores", A partir de então fui muitas vezes a estádios com o radinho de pilha colado à orelha; assistia ao jogo por minha conta mas os ouvia na voz do locutor. 

Luiz Schwarcz, O ar que me falta - História de uma curta infância e de uma longa depressão, 2021, p. 51

domingo, junho 23, 2024

76 - 77 + RUG., 17.º Dia

 - 9 e 20; estava na ESPL. do RTA, com Óculos (muito) escuros e Chapéu de Abas (muito) largas; cumprimentou R., que retorquiu «que estava muito bem disfarçada»; MÉD.a, com 64, (do ano, 76-77, do «desistente» em 80), com Casa no Rugido. vem sendo «reencontrada» década após década (1.º ano de D., na Zmab, em 78...; até 84, Tenda e Mochila e...), contou que o Pai, na Zmab, se «libertava da DEP. ão Crónica»[... ]; Well...

terça-feira, junho 18, 2024

«Ao de leve no travão da vida», F. Assis Pacheco

 - da »BiblioPenha», livro de 2017, que «compulsa» Crónicas Radiofónicas de 77-78; 

RECORTE(s) da intitul.a «Ao de leve...»:

      [...] Os meus sábados de rapazinho novo em Coimbra tinham aulas durante a manhã, [...] Às duas da tarde, um pardal chamado Fernando acabava de engolir a sobremesa e aí ia ele direito ao Jardim da Sereia ou ao Campo de Santa Cruz, felizmente próximos de casa. No Jardim da Sereia, [...] no mês de Junho, se não havia exames, apanhavam-se pirilampos, flores para o herbário, pequenos ramos de árvores com formas nunca vistas, disponíveis para a imaginação de quem passasse - e quem passava, claro, era eu, já esquecido da vergonha insossa dos calções que por esses anos quarenta e tal se usavam compridos até ao joelho, à inglesa. No Campo de Santa Cruz, se a malta dos meus amigos tinha bola a jeito, jogava-se uma futebolada imensa a imitar os grandes [...]
      Ao fim da tarde, suado e de boca seca como um beduíno, ouvia a habitual reprimenda materna, depois a paterna, a lembrar a conta do sapateiro, e ia lavar-me à torneira, para não dar demasiado nas vistas. Televisão, não havia. Os putos desse século liam livros, e não apenas os sandokans, [...] Liam às vezes coisas substanciais, talvez um pouco à aventura, como me aconteceu com o Crime e Castigo de Dostoievski, que mastiguei aos 12 anos. [...]
 
Fernando Assis Pacheco, tenho cinco minutos para contar uma história, 2017, pp. 30-31

[sublinhados acrescentados]

A Crónica das pp. 19 a 24, «Sou neto...», na RTP Arquivo; 

domingo, junho 09, 2024

Retrato Vermelho + «Retrato, vós não sois meu»

 - «pelos 500 anos», artigo do Ípsilon, de Raquel Her.es da Silva, sobre os retratos de Camões [..]


Retrato de Luís de Camões executado a sanguínea por Luís de Resende no século XIX, a partir de original de Fernão Gomes, 2.ª metade do sec. XVI 

RECORTE(s):

   Não existe nenhum comentário epocal a este retrato e, portanto, nada sabemos sobre o cumprimento da sua verosimilhança, excepto, segundo notável proposta de Graça Moura, do próprio Camões! Afirma ele (Retratos de Camões, 2014) que as redondilhas Retrato, vós não sois meu confrontam, com humor e criatividade, o Retrato a Vermelho. Apesar de nos movermos numa espiral de hipóteses bastante labirínticas, não posso deixar de citar os primeiros versos:

Retrato, vós não sois meu;
Retrataram-vos mui mal;
Que, a serdes meu natural,
Fôreis mofino como eu.

Inda que em vós a arte vença
O que o natural tem dado,
Não fostes bem retratado,
Que há em vós mais diferença
Que do vivo ao pintado.
Se o lugar se considera
Do alto estado que vos deu
A sorte, que eu mais quisera;
Se é que eu sou quem de antes era,
Retrato, vós não sois meu.

(…)

   Há de facto um fosso entre os testemunhos epocais, referindo a pobreza e abandono do poeta, e a imagem proposta pelo Retrato a vermelho, mas o que mais interessa realçar é a energia conceptual do poema, uma verdadeira teoria do retrato, que distingue o “natural” (o que ele objectivamente era) do “pintado” (o retrato) e do “mofino” que ele sabia ser (imagem psicológica de si mesmo). A diferença que mais lhe interessa é a última. Ele não se identificaria com o retrato não tanto porque o artista o representa mais belo do que era, mas porque lhe tira o que tem de mais próprio: o ser “mofino”, que, ainda que a desejasse, nunca tivera “sorte” (1)**.[...]

**O retrato psicológico de Camões foi brilhantemente sintetizado por Diogo do Couto que com ele privou na Índia: "Este homem teve sempre estrela de poeta que é serem todos pobres, e uma natureza terrível, e enfim pouca ventura”

sexta-feira, maio 31, 2024

«não acaba mais esta tarantela» (J. Pinharanda, «Diário do Confinamento»)

                                                                                       PARIS. 18.03.020

o trabalho continua, embora o sinta inútil; continua o frenesi das ofertas que nos fazem - ainda ontem éramos contra as vendas online e já  agora as achamos salvadoras do nosso mundo, onde não queremos que nada mude.
exigimos que o dia e a noite se resolvam a partir de um labirinto de links gratuitos; continuam a oferecer-nos necessidades de que não suspeitávamos; continuamos sem tempo nem lugar para parar. não acaba mais esta tarantela.

João Pinharanda, Diário do confinamento - Paris, Março-Maio de 2020, 2021 (Abril), p. 15

sábado, maio 18, 2024

Auto-retrato? (Júlia Ventura, 75-83)

 



Júlia Ventura, 71 anos, na Culturgest; junto a imagens que fez nos seus primeiros anos como artista; Nuno Ferreira Santos
Ípsilon; RECORTE(s):
[...] Recusando a condição do auto-retrato, e a subjectividade que lhe está associada, as imagens permitem, todavia, que cada espectador projecte a sua própria subjectividade, mas Júlia Ventura assegura que o seu trabalho lida com a representação e a crítica à representação, não sobre o estado de alma.[...]

domingo, maio 12, 2024

B. D.

 - cerca das 10 e 45, junto a paragem da antiga Rua do Mundo (actual da Misericórdia), com «Misericórdia» retomada, na p. 100; 
- com o mesmo perfil, lá ia, a caminho de S. Roque, para tocar «ORG.; «Homónima», pelo 2.º NOME, agora com 28, «equilibrando» a FÍS (entre LIC e MEST) com a MÚS; entre outras coisas, relembrou R. de um livro de Lídia Jorge [2011: a noite das mulheres cantoras, certamente] que então o Mestre lhe terá oferecido [...]

terça-feira, abril 09, 2024

Camoniana

 

Retrato de Camões, indicado por Vasco Graça Moura
como sendo um auto-retrato do poeta ; DAQUI

segunda-feira, abril 01, 2024

Clarice e Andréa OU «cuidado com as reticências»

 - atingida a p. 360 (final da I Parte) da Biografia de C. L., por Teresa Montero [da BiblioPenha];      [a de B. Mozer, de 2009, «aguarda» na Est.e do Q.o de J....]

RECORTE(S):

[...] comoveu-se com o pedido e decidiu que a partir daquele momento não seria psicanalista, mas amigo de Clarice. [...] Nesse período, Clarice afeiçoou-se à filha de Azulay, Andréa. A menina tinha 10 anos e gostava muito de escrever. As suas cartas carinhosas comoviam Clarice, que lhe dizia que ela já era uma escritora, mas fizesse de conta que não era. [...] Nas cartas, Clarice fazia questão de lhe dar dicas de como viver e escrever. E enumerava uma série delas: não descurar a pontuação, pois ela é a respiração da frase; não abusar de vírgulas, cuidado com as reticências; o ponto e vírgula é um osso atravessado na garganta. E completava: »Agora esqueça tudo o que eu disse» [...]

Teresa Montero, À procura da própria coisa - uma Biografia de Clarice Lispector, 2022, pp. 332, 333

domingo, março 17, 2024

Pessoa e o(s) Desporto(s) + «A desobediente»

- Artigo do «Público», sobre o recente Colóquio na GULB.; lido no «28», a observar os TURIS «desenfarpelados» pela «onda primaveril de calor de Verão»; as referências feitas permitem elaborar uma Lista de Biografias a Ler...; 

- na BERT., alcançada a p. 73 de «A desobediente»...; a 21, na FNC, p. 100 - até aí, Representações da Infância...;                    P. Reis, na SIC

RECORTE:2

[...] Nos papéis que Pessoa trouxe de Durban, na África do Sul, havia poemas, listas de livros que desejava comprar ou papéis relacionados com jogos infantis. Richard Zenith encontrou listas de jogadores de futebol, de críquete, equipas e os resultados de jogos. Ficou curioso. À primeira vista, Pessoa parecia ter sido um espectador fervoroso de acontecimentos desportivos. “Fui à procura dos nomes dos jogadores dessas equipas e não os encontrava, nem sequer na escola onde estudou Pessoa. Fui também ver as listas telefónicas da época e esses nomes não apareciam em lado nenhum. Pouco a pouco percebi que tudo era uma invenção”, contou na Gulbenkian, explicando que Pessoa inventava equipas e imaginava jogos. “É fascinante e mostra até que ponto Pessoa era lúdico.” [...]

domingo, março 03, 2024

2 em 1

- 5 e 45: «APN» (1.º desligar da)
 - já passa da meia noite, com o Serviço a terminar, quando entram vários grupos,  «animados», mas não para fazer grande despesa...; como sempre, J. V. (o «Mestre de CERIM.a») recebe-os calorosamente; quanto ao mau humor de quem irá «perder barcos» e chegar muito mais tarde a Casa...;

- 7 e 10: acorda num 2.º qd.o de um Qd.o de D. de P., no momento em que, na presença de uma Mestre de Materiais, se «ordena» o total desligar dos «telelés», designando-os como «maquinetas fascist.es» e outras expressões «mimosas»...

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

«O homem que lia as paredes» - Lucia Berlin (A Casa, as casas)

 - de 2019, mas vindo agora da FNC (30%...); alcançada a p. 81 destas evocações dos «29 primeiros anos de Vida de L. B.» (livro final, deixado incompleto,- 94 pp. - «em 1965» + «Cartas Escolhidas») OU ABG - ROTEIRO pela(s) CASA(s) [...]; 33 delas listadas entre as pp. 93 e 97;

RECORTE(s):

    Semanas antes do primeiro nevão, o meu pai levava-me às montanhas todos os sábados. Transportávamos provisões de Inverno para dar a um velho garimpeiro que lá viveu sozinho durante uns cinquenta anos. Farinha e café, tabaco, açucar, feijão seco, porco salgado, aveia, velas. Pesadas pilhas de revistas: The Saturday Evening Post, Redbook; Field and Stream
   Era uma longa subida, por um carreiro que marcámos no primeiro dia. Ele deixou-me fazer golpes nos troncos; a seiva mantém-se pungente na minha memória. Aninhada na orla do prado luxuriante verde-vivo, ficava a casa de madeira de Johnson. Na verdade, era uma cabana tosca, por pintar, com janelas que pareciam olhos e uma porta como um sorriso apalermado e torto. Ervas altas e flores silvestres cobriam o telhado como um chapéu festivo. [...]
[...] Eu arrancava meticulosamente as páginas das revistas e colava-as nas paredes com farinha e cola de água, com muito cuidado para não molhar nenhuma parte do texto. A ideia era fazer uma montagem cerrada das páginas em toda a casa, do chão ao tecto. E, nos dias escuros de Inverno, Johnson leria as paredes. [...]
[sublinhados acrescentados]

Lucia Berlin, Bem-vinda a casa, 2019, pp. 29-31

terça-feira, fevereiro 27, 2024

Zmab sob Betão

 - 6 e 30: Máquina «APN» (1.º «desligar»)

- Ida à Zmab., de R., de autocarro, com «residente» - que talvez pudesse vir a «ajudar» no COND. - fez Visita Guiada por um Labirinto de Torres em construção - vista do lado do mar, em «frente compacta»; R. esqueceu a chave do Palácio, logo não o  pôde mostrar à referida Figura...; o estado da parede exterior, a precisar de urgente MANUT., deixou-o «aturdido»; como dizer isso à General, após o regresso?

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Mourão-Ferreira

 - R. esperou que M. J. C. reclamasse (2 Xs)  «que ainda não lhe enviara os prometidos textos» - ficara na «Letra G». no ano passado.

Com [o envio] dos textos de Mourão-Ferreira, a seguinte Nota:

No Natal de 86 [D. no seu 1.º ano em Estudos Portugueses], no «Copo de 3», efémero Poiso (Estaminet) numa esquina da Praça das Flores (com a Rua Marcos Portugal?), D. «oficiou» um jantar de D. com alunos seus - um amor feliz já levava alguns meses de sucesso e de vendas - ; à saída, debaixo do braço, um (tosco) embrulho com um Bolo Rei [era público que o adorava em «torradas»...]

Quanto à «selecção» que te anexo, usei-a, ao longo dos anos, várias vezes, [...]

[lembra-se R. que um desses poemas perturbava sempre muito e tanto que, uma vez... («e o resto não se diz»)

domingo, fevereiro 11, 2024

«um homem pequeno», Isabela Figueiredo

 . Excerto da Crónica ABG, de hoje, «A importância do Não», de I. F. (I. A. S., como Nome Civil, 86-87, 89-90, Nova), no «Público»: 

[...] Situo-me em 1976. Tenho 14 anos. É um domingo de Inverno, final de tarde. Estou em Alcobaça, em casa da minha prima M., onde talvez tenha ido passar o fim de semana para ajudar a tomar conta das crianças. Temos 15 anos de diferença, mas falamos como irmãs. A minha prima é alvo de violência física e psicológica por parte do marido, um homem pequeno, de maus instintos, que já lhe batia antes do casamento. Bateu-lhe durante a gravidez do primeiro filho. A lista de violência era longa, complexa em perversidade e diária, por nenhum motivo. Porque a persiana deveria estar fechada, porque a toalha da mesa tinha uma nódoa de sumo, porque chegou bêbedo. Ela temia-o, naturalmente. Observo e reconheço a violência que causa a demolição de qualquer ideia de família, mas não tenho medo dele. Desprezo-o. [...]