quinta-feira, dezembro 19, 2024

«a verdadeira S.» [visita da]

 - foi S., «a verdadeira S.», que, na sequência «do que não se diz» (o Resto...), fez questão, alguns anos depois, de vir conversar com R. [este, já não volta a mudar de Nome]; foi no sábado, 14, no GLH; pouco come, muito «acelera», algo fuma; 
- àquela que, em tempos, «classificou» estas Casas de ESQZ.as, mostrou-se os endereços das mesmas, e algumas «particularidades» - [sem «abusar», que isto é tudo para exclusivo prazer pessoal, claro];
- pois é

quinta-feira, dezembro 05, 2024

L. C., neta de L. C.

 - pelas 15 e 40, a caminho de «operação especial pedestre» [marcada para as 16, com a dona M., colaboradora de A. Dom.os., 60...]...

- ao fundo da Alameda; estava sentada, «rente ao chão», no «rebordo» do respiradouro do Parque de Estacionamento...; imediatamente reconhecida, de TEX., de há cerca de 7 anos (em casa confirmada no «Bloco G», de 16 - 17); só agora se identificou como «neta de um poeta» [afinal L. C....]...; traçou um percurso de vários «cursos curtos ou rápidos», em áreas diversas, e de experiências profissionais também diversas...; do lado de R., falou-se de Ruben A. (tb. por causa do avô L. C. ...), e de Ana HTy...; well...

segunda-feira, novembro 25, 2024

Futebol na Montra (de «Bambino a Roma»)

  [rapidamente lido, irá provavelmente para a «Mesa das Trocas»...]; não foi; colocado numa EST. do CORR, «Secção C. B»...

RECORTE(S): 
   [...] E às 16h45, hora em que os times estavam prestes a entrar em campo, ouvi o chamado: Brasiliano!
   Eu nunca tinha visto uma televisão de verdade, [...] E agora o Amadeo me levava correndo à Via Topino, onde funcionava uma loja de electrodomésticos que recentemente passara a vender a grande novidade. Havia uma aglomeração defronte da vitrine e o Amadeo pediu prioridade para o brasiliano bem na hora em que a banda acabava de executar nosso hino. Envaidecido, grudei o nariz na vitrine, a uns dois metros de distância da meia dúzia  de aparelhos [...] Às vezes a imagem numa tela se punha a rodar para baixo, no que era imitada pelas outras telas, e o vendedor vinha regular uns botões para aplacar nossos protestos. A transmissão também apresentava uma espécie de chuvisco, que se misturava à tromba-d´água que caía em Berna encharcando o gramado. [...] Lá estavam o Castilho, o Pinheiro, o Didi, nomes que eu não me furtava a recitar em voz alta sem molestar os telespectadores ao meu redor. Ao contrário, eles estavam admirados de ver pela primeira vez um brasileiro de carne e osso e me pediam informações suplementares às do locutor italiano: não, o centromédio Bauer não era alemão, não, o centroavante Índio não morava na selva, nem os laterais Djalma Santos e Nilton Santos eram irmãos, tanto que um era preto  e o outro, branco. [...] 

                                      Chico Buarque, Bambino a Roma2024, pp. 91-92 

[artigo de Isabel Coutinho, no «Ípsilon»          +              Um capítulo]

segunda-feira, novembro 18, 2024

Camões

 - 6 e 50, último acordar, desligar da «Máq. APN»

- Quadrado, ainda em tempos de Ardósia e Giz... Sessão de introdução à Lírica Camoniana. Desinteresse total, nem a «Leonor» dita de Cor os espicaçou; em vão tenta comentar o Soneto de Cor transcrito na Ardósia...; vão saindo; a seis minutos do fim, restam 3 ou 4, de pé, tentando «conduzir a conversa para ouras bandas»...

quarta-feira, novembro 13, 2024

Retrato (Federica de Paolis)

 [alcançada a p. 205, de 232]

RECORTE(s): [ver primeiro o da Entrada «Seguinte - Abaixo»]

  Mas a personagem mais interessante da escola era Gesù, o professor de modelação (barro ou argila). Encontrámo-nos com ele na sala da sua disciplina. munidos de espátulas, facas, teques, lamelas, esponjas e baldes. Chegou com meia hora de atraso, tinha ganhado essa alcunha por conta dos cabelos compridos e lisos e pela barba por fazer, de um loiro rosado, a fazerem lembrar Nosso Senhor. Vestia um fato desgastado de cor creme, coçava com frequência as bochechas escavadas, tinha os olhos alucinados: arenosos de sono, faiscantes de ideias. Era filho de um actor muito famoso, ostentava o sobrenome  do pai [...] A primeira coisa que nos disse foi que nunca tinha ensinado a sua disciplina. O máximo que iríamos conseguir produzir num ano, o que poderia isso ser? Uma taça de argila? Um pequeno vaso? Um cinzeiro? 
   - Mas quem se rala com isso? - declarou. - Falaremos de alquimia, de Duchamp, de Piero Manzoni, de como conseguiu transformar a merda em ouro, dos cortes de Fontana, dos Cretti de Burri, da Melancholia de Durer... Daremos a volta ao  mundo , fechados aqui nesta  sala. 
  _ Vamos fazer história da arte, portanto, professor... ? - sussurrou a Gabriella, sardonicamente. [...] 

Federica de Paolis (1971; -), Do lado da mãe (2024), pp. 101 - 102

terça-feira, novembro 12, 2024

«Aquela escola era um oásis...»; Federica de Paolis

 [alcançada a p. 123]

RECORTE(s):

     A escola de artes era uma sinfonia de pré-fabricados cheios de rascunhos, a casa das segundas escolhas, dos falhados, dos marginais. Uma torrente de repetentes, autistas, punks fluía pelos seus corredores. O mesmo era válido para os professores, deambulavam de uma sala de aula para outra, com a cabeça no ar, sem registos, a improvisação era o denominador comum dos docentes. [...] Nos intervalos, o odor a erva irradiava das casas de banho a par do odor a piza. Os rapazes vagueavam lá fora pelo asfalto cinzento rodeado por muros. As principais matérias eram: desenho de natureza morta [...], desenho de figura humana (bustos no decurso do primeiro ano, depois modelos: mulheres do Nordeste, drogadas) e projecto. Algumas horas de matemática e depois história da arte, italiano.
[...]
    No bolso, para além da pílula, os Marlboro Suave (...) e os laxativos, agora tinha dois lápis e um afia, o mundo, finalmente, abria-me as suas portas. Não havia competição, autoridade ou felicidade a conquistar-se. Aquela escola era um oásis de retardados, grafites e borracha artística. Acima de tudo, o que valia era o olhar. O mundo do desenho coincidia com o literário, o que contava era o ponto de vista. Não as desinências, as regras, os casos. Apenas a subjectividade e a técnica. Eu gostava de desenhar, ainda que não fosse muito capaz; tinha vontade de aprender. [..]

Federica de Paolis (1971; -), Do lado da mãe (2024), pp. 100 - 101

domingo, setembro 29, 2024

Cardoso Pires e Sttau Monteiro, no «25» + «Mona Lisa»

 - um «Ex-AA» de outras eras [... começa a trabalhar por volta dos 14 anos ao mesmo tempo que frequenta o curso de Desenhador, Gravador e Litógrafo, na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa, [...], guardou as fotografias que fez no tal dia durante 50 anos... [«P2», «Público]; mostra finalmente 50, diz que tem mais...

“Eu era um deles, o povo. Só que eu tinha uma câmara fotográfica e eles não”
Os escritores José Cardoso Pires e Luís de Sttau Monteiro no Largo do Carmo, [...] José Carlos Nascimento


- Intitula de «Mona Lisa» o Retrato:
[...] «aquele retrato que José Carlos Nascimento considera a sua "Mona Lisa": um grande plano do rosto de um soldado que olha o fotógrafo com uma daquelas expressões que se tornam perenes, tanto por ser indecifrável quanto por nos desafiar a cada momento que olhamos para ela. Nesta parte, é Nascimento quem faz a pergunta (“Como é que se define essa expressão?”), ensaiando uma resposta logo a seguir: “Não é de resignação, mas também não é de pânico, de medo ou de ódio. Há serenidade e expectativa. Mas é uma expectativa serena, uma certa indiferença até. É um pouco inexpressivo quase. Não sei… não consigo descrever bem este olhar, sinceramente.”

terça-feira, agosto 06, 2024

Madrid, Moscovo, Londres; «Hoje Caviar...»

 - atingida, na ESPL. da P. P. C. (Sombra dos Agostos...), a p. 140 desta «autobiog.a em Espelho» + Diário + Memórias..., final da I Parte, «Madrid»...; 
- predominam as transcrições do Caderno da Mãe de C. P. (12, em 65) =  representações «amáveis»  do Quotidiano de família de Diplomata, pelas  décadas de 60, 70, 80, com Receitas [...]

RECORTE (s) desse Caderno, da narrativa da Viagem de Barco para Madrid:

     29 de novembro

    Se durante todos estes dias não escrevi nada no meu diário de bordo, é porque metade do tempo jazi moribunda no camarote. À conta disso, depois da festa da passagem do Equador [...], perdi os concursos de shuffle board da Carmen com umas amigas italianas, os passos firmes e marinheiros do Gervasito no convés em plena tempestade, levado pela trela pelo Luís, e sobretudo a proclamação da Mercedes como campeã infantil de twist. Uma pena realmente, mas uma mãe não pode estar sempre no exercício dessa função; de vez em quando também nós adoecemos. [...]

Carmen Posadas, Gervasio Posadas, Hoje caviar, amanhã sardinhas [2008], 2024, p. 32
[LONDRES, Excerto, «Beefeaters»]; [RECORTE]; [OUTRO]; os irmãos em Lisboa;

quarta-feira, julho 31, 2024

Pesadelo com Rugido

 - 5 00: «APN» (1.º desligar da MÁQ.a)

 - de manhã cedo, concentração na Zmab, para um almoço de «comemoração» de [...], em [...]; levaram todos os carros, incluindo o de D., com as chaves de casa e documentação vária; deambulou o resto do dia, sem comer e sem que lhe atendessem o telefone; ao anoitecer chegaram várias autoridades, com um jovem casal holandês, que reinvindicava a propriedade do Paraíso; recontou o processo de 12-13, mas, sem documentos que o provassem...; nem a mana C. nem o sobrinho P. nem o filho J. lhe atendiam o telefone; finalmente, atendeu um GNR, que lhe comunicou que a Mana C. cometera uma infracção, agredira um agente e fora acidentalmente atingida por consequente disparo...[...]

terça-feira, julho 16, 2024

De Luizinho a Luizão

        [Excerto Recortado]
     No Clube Húngaro, onde íamos almoçar aos domingos, antes de meu pai jogar seu carteado, eu era também o Luizinho. [...] Na gráfica do meu avô, onde  eu passava algumas tardes, idem. Por isso eu gostava mais de ir à gráfica aos domingos.
     No fim de semana, o Giuseppe me levava à Cromocart e abria a pesada porta pantográfica de ferro, para lá ficar, a sós com o neto, por cerca de duas horas. Nesses dias ninguém estava trabalhando, e eu não tinha que ouvir os funcionários me chamarem pelo apelido, para agradar o meu avô. Era curioso o tratamento na gráfica, onde estava implícito que eu seria o futuro chefe. No entanto, de calças curtas, era tratado de um modo que eternizava a condição infantil. [...] (pp. 59-60)
   Passei a ser conhecido por Luizão, apelido que veio tão espontaneamente quanto o primeiro. Acredito que isso não se deu apenas pela minha estatura, mas por uma mescla desta com meu jeito expansivo e eloquente naquele grupo. Na época eu trajava quase diariamente um macacão jeans, com a língua dos Rolling Stones costurada na parte de cima, ténis All Stars vermelhos, e usava cabelos que chamávamos de black power. Hoje esse termo dificilmente seria usado para qualificar o penteado de um garoto judeu, branco e de classe média-alta. Eram outros tempos. Esse foi o visual que marcou minha figura naquele período, a imagem da libertação de uma infância cheia de diminutivos.

Luiz Schwarcz, O ar que me falta - História de uma curta infância e de uma longa depressão, 2021, p. 59-60; 68

segunda-feira, julho 15, 2024

Mundial de 1966 + Metáfora(s) + «Magriço(s)»

 - [em 66, tb. com 10 anos, D. assistiu aos jogos na sala de dentro da «Tasca do Pepe», na Esquina da C. da B. G...]

     «Do último ano em que fui à Ma-Ru-Mi, me recordo de um episódio que teve um sabor agridoce para mim. Foi lá, já com dez anos, que ouvi pelo rádio a derrota do Brasil para Portugal, na Copa do Mundo de 1966. Lembro bem de todos amontoados para escutar o jogo, que marcou nossa eliminação da Copa de Inglaterra. O sentimento de impotência ao acompanhar uma derrota do seu time numa partida de futebol é sempre grande. No rádio essa sensação é ainda maior. Com vinte pessoas entre você e o aparelho, a coisa só piora. No entanto, em meio a tanta tristeza, fiquei fascinado pela narração, na qual Fiori Gigliotti, pródigo em metáforas, ministrava uma aula inicial sobre essa figura de linguagem. "Abrem-se as cortinas, torcida brasileira": assim ele começava a transmissão de todos os jogos. O gramado era um tapete ou tablado verde, o atacante português Eusébio uma pantera. [...] 

Ilustração de Vasco Parracho, de 27 de Junho, no «FACE»

A força dramática com que aquela derrota foi narrada nunca saiu da minha cabeça. E eu, vivenciando mais uma experiência triste de férias, escutava comovido Fiori Gigliotti falar no fim do jogo, "tudo é melancolia no lado brasileiro", "tudo é dor, senhoras e senhores", A partir de então fui muitas vezes a estádios com o radinho de pilha colado à orelha; assistia ao jogo por minha conta mas os ouvia na voz do locutor. 

Luiz Schwarcz, O ar que me falta - História de uma curta infância e de uma longa depressão, 2021, p. 51

domingo, junho 23, 2024

76 - 77 + RUG., 17.º Dia

 - 9 e 20; estava na ESPL. do RTA, com Óculos (muito) escuros e Chapéu de Abas (muito) largas; cumprimentou R., que retorquiu «que estava muito bem disfarçada»; MÉD.a, com 64, (do ano, 76-77, do «desistente» em 80), com Casa no Rugido. vem sendo «reencontrada» década após década (1.º ano de D., na Zmab, em 78...; até 84, Tenda e Mochila e...), contou que o Pai, na Zmab, se «libertava da DEP. ão Crónica»[... ]; Well...

terça-feira, junho 18, 2024

«Ao de leve no travão da vida», F. Assis Pacheco

 - da »BiblioPenha», livro de 2017, que «compulsa» Crónicas Radiofónicas de 77-78; 

RECORTE(s) da intitul.a «Ao de leve...»:

      [...] Os meus sábados de rapazinho novo em Coimbra tinham aulas durante a manhã, [...] Às duas da tarde, um pardal chamado Fernando acabava de engolir a sobremesa e aí ia ele direito ao Jardim da Sereia ou ao Campo de Santa Cruz, felizmente próximos de casa. No Jardim da Sereia, [...] no mês de Junho, se não havia exames, apanhavam-se pirilampos, flores para o herbário, pequenos ramos de árvores com formas nunca vistas, disponíveis para a imaginação de quem passasse - e quem passava, claro, era eu, já esquecido da vergonha insossa dos calções que por esses anos quarenta e tal se usavam compridos até ao joelho, à inglesa. No Campo de Santa Cruz, se a malta dos meus amigos tinha bola a jeito, jogava-se uma futebolada imensa a imitar os grandes [...]
      Ao fim da tarde, suado e de boca seca como um beduíno, ouvia a habitual reprimenda materna, depois a paterna, a lembrar a conta do sapateiro, e ia lavar-me à torneira, para não dar demasiado nas vistas. Televisão, não havia. Os putos desse século liam livros, e não apenas os sandokans, [...] Liam às vezes coisas substanciais, talvez um pouco à aventura, como me aconteceu com o Crime e Castigo de Dostoievski, que mastiguei aos 12 anos. [...]
 
Fernando Assis Pacheco, tenho cinco minutos para contar uma história, 2017, pp. 30-31

[sublinhados acrescentados]

A Crónica das pp. 19 a 24, «Sou neto...», na RTP Arquivo; 

domingo, junho 09, 2024

Retrato Vermelho + «Retrato, vós não sois meu»

 - «pelos 500 anos», artigo do Ípsilon, de Raquel Her.es da Silva, sobre os retratos de Camões [..]


Retrato de Luís de Camões executado a sanguínea por Luís de Resende no século XIX, a partir de original de Fernão Gomes, 2.ª metade do sec. XVI 

RECORTE(s):

   Não existe nenhum comentário epocal a este retrato e, portanto, nada sabemos sobre o cumprimento da sua verosimilhança, excepto, segundo notável proposta de Graça Moura, do próprio Camões! Afirma ele (Retratos de Camões, 2014) que as redondilhas Retrato, vós não sois meu confrontam, com humor e criatividade, o Retrato a Vermelho. Apesar de nos movermos numa espiral de hipóteses bastante labirínticas, não posso deixar de citar os primeiros versos:

Retrato, vós não sois meu;
Retrataram-vos mui mal;
Que, a serdes meu natural,
Fôreis mofino como eu.

Inda que em vós a arte vença
O que o natural tem dado,
Não fostes bem retratado,
Que há em vós mais diferença
Que do vivo ao pintado.
Se o lugar se considera
Do alto estado que vos deu
A sorte, que eu mais quisera;
Se é que eu sou quem de antes era,
Retrato, vós não sois meu.

(…)

   Há de facto um fosso entre os testemunhos epocais, referindo a pobreza e abandono do poeta, e a imagem proposta pelo Retrato a vermelho, mas o que mais interessa realçar é a energia conceptual do poema, uma verdadeira teoria do retrato, que distingue o “natural” (o que ele objectivamente era) do “pintado” (o retrato) e do “mofino” que ele sabia ser (imagem psicológica de si mesmo). A diferença que mais lhe interessa é a última. Ele não se identificaria com o retrato não tanto porque o artista o representa mais belo do que era, mas porque lhe tira o que tem de mais próprio: o ser “mofino”, que, ainda que a desejasse, nunca tivera “sorte” (1)**.[...]

**O retrato psicológico de Camões foi brilhantemente sintetizado por Diogo do Couto que com ele privou na Índia: "Este homem teve sempre estrela de poeta que é serem todos pobres, e uma natureza terrível, e enfim pouca ventura”

sexta-feira, maio 31, 2024

«não acaba mais esta tarantela» (J. Pinharanda, «Diário do Confinamento»)

                                                                                       PARIS. 18.03.020

o trabalho continua, embora o sinta inútil; continua o frenesi das ofertas que nos fazem - ainda ontem éramos contra as vendas online e já  agora as achamos salvadoras do nosso mundo, onde não queremos que nada mude.
exigimos que o dia e a noite se resolvam a partir de um labirinto de links gratuitos; continuam a oferecer-nos necessidades de que não suspeitávamos; continuamos sem tempo nem lugar para parar. não acaba mais esta tarantela.

João Pinharanda, Diário do confinamento - Paris, Março-Maio de 2020, 2021 (Abril), p. 15

sábado, maio 18, 2024

Auto-retrato? (Júlia Ventura, 75-83)

 



Júlia Ventura, 71 anos, na Culturgest; junto a imagens que fez nos seus primeiros anos como artista; Nuno Ferreira Santos
Ípsilon; RECORTE(s):
[...] Recusando a condição do auto-retrato, e a subjectividade que lhe está associada, as imagens permitem, todavia, que cada espectador projecte a sua própria subjectividade, mas Júlia Ventura assegura que o seu trabalho lida com a representação e a crítica à representação, não sobre o estado de alma.[...]

domingo, maio 12, 2024

B. D.

 - cerca das 10 e 45, junto a paragem da antiga Rua do Mundo (actual da Misericórdia), com «Misericórdia» retomada, na p. 100; 
- com o mesmo perfil, lá ia, a caminho de S. Roque, para tocar «ORG.; «Homónima», pelo 2.º NOME, agora com 28, «equilibrando» a FÍS (entre LIC e MEST) com a MÚS; entre outras coisas, relembrou R. de um livro de Lídia Jorge [2011: a noite das mulheres cantoras, certamente] que então o Mestre lhe terá oferecido [...]

terça-feira, abril 09, 2024

Camoniana

 

Retrato de Camões, indicado por Vasco Graça Moura
como sendo um auto-retrato do poeta ; DAQUI

segunda-feira, abril 01, 2024

Clarice e Andréa OU «cuidado com as reticências»

 - atingida a p. 360 (final da I Parte) da Biografia de C. L., por Teresa Montero [da BiblioPenha];      [a de B. Mozer, de 2009, «aguarda» na Est.e do Q.o de J....]

RECORTE(S):

[...] comoveu-se com o pedido e decidiu que a partir daquele momento não seria psicanalista, mas amigo de Clarice. [...] Nesse período, Clarice afeiçoou-se à filha de Azulay, Andréa. A menina tinha 10 anos e gostava muito de escrever. As suas cartas carinhosas comoviam Clarice, que lhe dizia que ela já era uma escritora, mas fizesse de conta que não era. [...] Nas cartas, Clarice fazia questão de lhe dar dicas de como viver e escrever. E enumerava uma série delas: não descurar a pontuação, pois ela é a respiração da frase; não abusar de vírgulas, cuidado com as reticências; o ponto e vírgula é um osso atravessado na garganta. E completava: »Agora esqueça tudo o que eu disse» [...]

Teresa Montero, À procura da própria coisa - uma Biografia de Clarice Lispector, 2022, pp. 332, 333

domingo, março 17, 2024

Pessoa e o(s) Desporto(s) + «A desobediente»

- Artigo do «Público», sobre o recente Colóquio na GULB.; lido no «28», a observar os TURIS «desenfarpelados» pela «onda primaveril de calor de Verão»; as referências feitas permitem elaborar uma Lista de Biografias a Ler...; 

- na BERT., alcançada a p. 73 de «A desobediente»...; a 21, na FNC, p. 100 - até aí, Representações da Infância...;                    P. Reis, na SIC

RECORTE:2

[...] Nos papéis que Pessoa trouxe de Durban, na África do Sul, havia poemas, listas de livros que desejava comprar ou papéis relacionados com jogos infantis. Richard Zenith encontrou listas de jogadores de futebol, de críquete, equipas e os resultados de jogos. Ficou curioso. À primeira vista, Pessoa parecia ter sido um espectador fervoroso de acontecimentos desportivos. “Fui à procura dos nomes dos jogadores dessas equipas e não os encontrava, nem sequer na escola onde estudou Pessoa. Fui também ver as listas telefónicas da época e esses nomes não apareciam em lado nenhum. Pouco a pouco percebi que tudo era uma invenção”, contou na Gulbenkian, explicando que Pessoa inventava equipas e imaginava jogos. “É fascinante e mostra até que ponto Pessoa era lúdico.” [...]

domingo, março 03, 2024

2 em 1

- 5 e 45: «APN» (1.º desligar da)
 - já passa da meia noite, com o Serviço a terminar, quando entram vários grupos,  «animados», mas não para fazer grande despesa...; como sempre, J. V. (o «Mestre de CERIM.a») recebe-os calorosamente; quanto ao mau humor de quem irá «perder barcos» e chegar muito mais tarde a Casa...;

- 7 e 10: acorda num 2.º qd.o de um Qd.o de D. de P., no momento em que, na presença de uma Mestre de Materiais, se «ordena» o total desligar dos «telelés», designando-os como «maquinetas fascist.es» e outras expressões «mimosas»...

quarta-feira, fevereiro 28, 2024

«O homem que lia as paredes» - Lucia Berlin (A Casa, as casas)

 - de 2019, mas vindo agora da FNC (30%...); alcançada a p. 81 destas evocações dos «29 primeiros anos de Vida de L. B.» (livro final, deixado incompleto,- 94 pp. - «em 1965» + «Cartas Escolhidas») OU ABG - ROTEIRO pela(s) CASA(s) [...]; 33 delas listadas entre as pp. 93 e 97;

RECORTE(s):

    Semanas antes do primeiro nevão, o meu pai levava-me às montanhas todos os sábados. Transportávamos provisões de Inverno para dar a um velho garimpeiro que lá viveu sozinho durante uns cinquenta anos. Farinha e café, tabaco, açucar, feijão seco, porco salgado, aveia, velas. Pesadas pilhas de revistas: The Saturday Evening Post, Redbook; Field and Stream
   Era uma longa subida, por um carreiro que marcámos no primeiro dia. Ele deixou-me fazer golpes nos troncos; a seiva mantém-se pungente na minha memória. Aninhada na orla do prado luxuriante verde-vivo, ficava a casa de madeira de Johnson. Na verdade, era uma cabana tosca, por pintar, com janelas que pareciam olhos e uma porta como um sorriso apalermado e torto. Ervas altas e flores silvestres cobriam o telhado como um chapéu festivo. [...]
[...] Eu arrancava meticulosamente as páginas das revistas e colava-as nas paredes com farinha e cola de água, com muito cuidado para não molhar nenhuma parte do texto. A ideia era fazer uma montagem cerrada das páginas em toda a casa, do chão ao tecto. E, nos dias escuros de Inverno, Johnson leria as paredes. [...]
[sublinhados acrescentados]

Lucia Berlin, Bem-vinda a casa, 2019, pp. 29-31

terça-feira, fevereiro 27, 2024

Zmab sob Betão

 - 6 e 30: Máquina «APN» (1.º «desligar»)

- Ida à Zmab., de R., de autocarro, com «residente» - que talvez pudesse vir a «ajudar» no COND. - fez Visita Guiada por um Labirinto de Torres em construção - vista do lado do mar, em «frente compacta»; R. esqueceu a chave do Palácio, logo não o  pôde mostrar à referida Figura...; o estado da parede exterior, a precisar de urgente MANUT., deixou-o «aturdido»; como dizer isso à General, após o regresso?

quarta-feira, fevereiro 21, 2024

Mourão-Ferreira

 - R. esperou que M. J. C. reclamasse (2 Xs)  «que ainda não lhe enviara os prometidos textos» - ficara na «Letra G». no ano passado.

Com [o envio] dos textos de Mourão-Ferreira, a seguinte Nota:

No Natal de 86 [D. no seu 1.º ano em Estudos Portugueses], no «Copo de 3», efémero Poiso (Estaminet) numa esquina da Praça das Flores (com a Rua Marcos Portugal?), D. «oficiou» um jantar de D. com alunos seus - um amor feliz já levava alguns meses de sucesso e de vendas - ; à saída, debaixo do braço, um (tosco) embrulho com um Bolo Rei [era público que o adorava em «torradas»...]

Quanto à «selecção» que te anexo, usei-a, ao longo dos anos, várias vezes, [...]

[lembra-se R. que um desses poemas perturbava sempre muito e tanto que, uma vez... («e o resto não se diz»)

domingo, fevereiro 11, 2024

«um homem pequeno», Isabela Figueiredo

 . Excerto da Crónica ABG, de hoje, «A importância do Não», de I. F. (I. A. S., como Nome Civil, 86-87, 89-90, Nova), no «Público»: 

[...] Situo-me em 1976. Tenho 14 anos. É um domingo de Inverno, final de tarde. Estou em Alcobaça, em casa da minha prima M., onde talvez tenha ido passar o fim de semana para ajudar a tomar conta das crianças. Temos 15 anos de diferença, mas falamos como irmãs. A minha prima é alvo de violência física e psicológica por parte do marido, um homem pequeno, de maus instintos, que já lhe batia antes do casamento. Bateu-lhe durante a gravidez do primeiro filho. A lista de violência era longa, complexa em perversidade e diária, por nenhum motivo. Porque a persiana deveria estar fechada, porque a toalha da mesa tinha uma nódoa de sumo, porque chegou bêbedo. Ela temia-o, naturalmente. Observo e reconheço a violência que causa a demolição de qualquer ideia de família, mas não tenho medo dele. Desprezo-o. [...]

quinta-feira, novembro 23, 2023

Listas Mecânicas

- [entregue o CRV, na segunda, 20...; tantas idas à Janela, de manhã cedo, para verificar onde o «largara», antes da ida para a «AA»...]

- 84 - 87: 4GTL (despiste + Capot.o, em Abril, pela Páscoa, antes do H. S. A....)

- 87 - 92: VISA (no cruz.o de Arroios-P. do Chile, a General «bateu»...; depois, enviou D. «para a Cabeça do Toiro», que Sarilho...]

- 92 - 99: Hy P (a bom preço - era a Entrada da Marca.Coreana.. - baixo ou «atarracado», forte e Feio...)

- 99 - 23: CRV** [pelo seu 24.º ano, «asneirada» de R.,  «foi despachado»]

- 96 [...]; HRV (herdou o «Diístico» da EMEL do Anterior**..)

segunda-feira, novembro 06, 2023

A primeira aula.

 - [terminado ontem Tempo de erros, de Chukri (2.º vol. de ABG); «aquele que a si mesmo se narra», já adulto, inicia a «Primária», numa turma com idades variadas [...]
EXCERTO:
     [...] O professor regressou e sentou-me na fila do meio, ao lado do aluno mais novo. [...] - Este é o vosso novo colega. [...]
    Olharam para mim cochichando entre si, irrequietos. O professor bateu com a régua na sua secretária. Calaram-se. A maioria vestia jelaba. Tinham um olhar ofuscado. [...] Copiavam a lição escrita no quadro. O que estarão a copiar? à minha frente, o caderno e a caneta esperando que eu comece a minha primeira lição. Os símbolos do mundo transladavam-se para a página do meu colega de carteira, enquanto a minha continuava em branco. Olho para os meus colegas e penso: Escrevem à vontade. Será que o director me vai deixar aprender tanto quanto eles? [...]

Muhammad Chukri (1935-2003), Tempo de erros [1992], Antígona, 2023, pp. 21-22

sábado, outubro 28, 2023

Quadrados, sempre

 - muito sonha o «Mascarado Apneico», frequente ou maioritariamente,  com Qd.os

- 5 e 45, terceiro desligar da «Máq.a APN»
- Só uma Qd.a escrevia o Sumário - quando um outro enfatizou o ilógico «avanço da Numeração», R, «desconversou»; faltava o «documento de base» para a Oficina planeada e R. disse-lhes para o esperarem; saiu e foi de motorizada (!!!) a casa, a de S. Paulo, com as escadas de madeira; no regresso ia pensando que já chegaria tarde e o Qd.o teria «desertado»...

quinta-feira, outubro 19, 2023

a Menina «que andava a pensar muito em»

 - quando, de longe a longe, (re)encontra um(a) «Ex-AA» na rua, o mais frequente é enfatizar que «não se lembra...»; pois, se «terão sido cerca de 3000...»; 

- J. B. é a que mais tem «acompanhado», pelas obras e não só...; lembra-se quando (em 9798 ?), «referia os treinos às 6 da manhã, em BEL.,  e o(s) treinador(es)  RUSSO (s)»  e também da sua «troca de pista» (p. 37) (...); 

- RECORTE do seu mais recente livro:

[...] «No cúmulo das minhas dificuldades para conseguir manter o ritmo e continuar na equipa, pedi para lhe falar, àquele colosso de dois metros de altura e muitos palmos de largo. Abri a boca e consegui apenas dizer «que andava a pensar muito em» sem chegar a especificar no quê. Ele interrompeu-me. Disse uma frase que me gelou, num sotaque soviético carregado: «Nadador não pensa, nadador nada». No minuto seguinte eu estava dentro de água, soavam apitos, sucediam-se tarefas. [...]»

         Joana Bértholo, O meu treinador  - e outras vivências do desporto de alto rendimento., F. F. M. dos Santos, 2023, pp. 24-25

[sobre este, Entrevista a 7 de Dezembro: AQUI]

quarta-feira, outubro 04, 2023

«a Menina que roubou o Nome da Mãe» Goliarda (Iuzza) (Maria) (Sapienza)

    «Portanto, como vos disse, chamo-me Goliarda, e tenho de reconhecer que, ao descobrir que todas as meninas se chamavam Maria, Anna, Giovanna, isso me deixou um pouco chocada. Não me atrevia a pedir explicações a ninguém, nem mesmo ao professor Jsaya, e embora em casa ouvisse dizer que me haviam dado este nome porque tivera um irmão chamado Goliardo que morrera antes de eu nascer, não fiquei nada convencida. E uma bela tarde, exasperada com este nome que deixava todos espantados, no pátio, na praia, procurei na lista telefónica de Catânia, desesperadamente, uma irmã ou um irmão com este nome. Em lágrimas, tive de aceitar a realidade: não havia nenhuma Goliarda nem nenhum Goliardo em toda a Catânia, logo, para mim, no mundo inteiro. Estava sozinha. [...]
[...]
     Os meus, mais tarde, devem ter-se arrependido deste nome, porque me chamavam Iuzza. Iuzza, na Sicília, é um diminutivo bastante comum. Sim, devem ter-se arrependido, mas isso não me importava nada. Goliarda existia, e Iuzza não era um nome. Tinha de ser eu própria a remediar o assunto. Era possível mudar de nome?. Tomei uma resolução que me fez suar as mãos, e na Playa, na escola - no pátio não, porque esses sabiam tudo - , comecei a dizer que me chamava Maria. Maria era o nome da minha mãe, logo não devia ser um roubo de grande monta. [...]
        
          Goliarda Sapienza (1924-1996), Carta Aberta (1967), Antígona, 2023,                                                                                             pp. 31, 39 

terça-feira, outubro 03, 2023

«A medida das carências: uma imagem: [...] bombons cor-de-rosa»

[Outro Recorte da Leitura das semanas de 18 a 30 de SET.]

    «Contagiado pela esperança geral de 1945, ele decidiu abandonar o Vale. Eu adoecia com frequência, e o médico queria enviar-me para um sanatório. Eles venderam os seus bens para regressar a Y..., [...] O camião de mudanças, em cuja cabina nos instalámos, chegou a Y..., a meio da feira de outubro. A aldeia tinha sido incendiada pelos alemães e as barracas erguiam-se entre os escombros. [...] Ele conseguiu trabalho na Câmara, na terraplanagem das crateras das bombas. À noite, junto da barra dos antigos fogões [...] ela dizia; «Que condição.!» Ele nunca respondia. À tarde, ela levava-me a passear pela cidade. Somente o centro tinha sido destruído, e os armazéns haviam-se instalado em casas particulares. A medida das carências, uma imagem: um dia, já escuro, na montra de uma pequena janela, a única iluminada na rua, brilham bombons cor-de-rosa, ovais, polvilhados de branco, em pequenas saquetas de celofane. Não eram para qualquer pessoa, eram necessários cupões.
  
 Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 37

segunda-feira, outubro 02, 2023

«Era preciso viver, apesar de tudo»

     [Outro Recorte da Leitura das semanas de 18 a 30 de SET.]

    «Até meados dos anos cinquenta, nos jantares de comunhão, nos festejos de Natal, a epopeia daquela época será recitada em várias vozes, repetida indefinidamente sempre com os temas do medo, da fome e do frio durante o inverno de 1942. Era preciso viver, apesar de tudo. A cada semana, o meu pai trazia de um entreposto, a trinta quilómetros de L..., num reboque atrelado à sua bicicleta, as mercadorias que os grossistas já não entregavam. Sob os bombardeamentos incessantes de 1944, naquela parte da Normandia, ele continuou a abastecer-se, mendigando suplementos para os velhos, famílias numerosas e todos os que estavam sob a acção do mercado negro. [...]
    Ao domingo encerravam o comércio, passeavam pelos bosques e faziam piqueniques com pudim sem ovos. Ele levava-me às cavalitas, cantando e assobiando. Durante os alertas, escondíamo-nos debaixo do bilhar do café, com a cadela. Convictos de que «era o destino». Por ocasião da Libertação, ele ensinou-me a cantar A Marselhesa, acrescentando no final «tas de cochons» para rimar com «sillon»- Assim como as pessoas em volta, estava muito contente. Quando ouvíamos um avião, levava-me à rua pela mão e mandava-me olhar para o céu, o pássaro: a guerra tinha terminado.»
  
 Annie Ernaux,  Um lugar ao sol seguido de Uma mulher, 2022, p. 36 - 37

sexta-feira, setembro 15, 2023

«Lá em casa, só o gato não foi preso» OU «de quem é o 25»? OU «Cardoso Pires nunca escreveu O Delfim»

 - no Ìpsilon, a cronista apresnta várias evocações AUTOB.as, até chegar ao cerne da Crónica «Cardoso Pires nunca escreveu O Delfim»: uma das «dispara(ta)das» frases do «Rei dos Afectos» [...]

RECORTE inicial:

Não é a primeira vez que o digo. Lá em casa foi tudo preso pelo menos uma vez. Escapou o gato chamado Pompidou. Reconheça-se: um belíssimo nome para gato. A escolha resultou da vitória de Georges Pompidou nas eleições presidenciais francesas de 1969. [...] Escapou o gato e escapei eu graças à minha proverbial mania de descumprir horários. 

A reunião dos estudantes de Liceu estava marcada para Lisboa no Instituto Superior de Economia (hoje ISEG). Sem aviso prévio, e ironicamente por razões de segurança, foi mudada para a Faculdade de Medicina. Ora tendo eu já chegado atrasada a Económicas, muito mais atrasada cheguei ao Hospital de Santa Maria. Resultado: quando cheguei a Santa Maria já tinha seguido tudo de ramona para o Governo Civil. E foi assim que a 16 de Dezembro de 1973, desistindo de continuar a calcorrear a capital atrás da PIDE e para mais ao domingo, ilesa, apanhei o comboio e fui para casa. Confirmo: era domingo.  [...]

quinta-feira, setembro 14, 2023

«Então, como é estar L.?»

 - já há muitos anos, muito antes de uma das Qd.as lhe «disparar»: «ó M., já ninguém escreve em blogues!»  (aí por 2015?), quando lhe perguntavam se «não usava Facebook», D. respondia que era «tooface for him» e «que  se ficava pelo book» ..;

- veio a Pandemia e, precisando de consultar de véspera a Ementa do STP, lá se «inscreveu», só para isso...; em consequência, Eli «arrasou-o» e o primo D. M. telefonou, muitas décadas depois...;

- rendido à «vida social» que lhe resta..., R. passa amiúde pelo Palácio [evidentemente, já não «canta» pelos CORR.s...], a caminho do STP; e é inevitável; há sempre mais um(a) «invejoso(a)», a menos de cinco anos da situação de D. (R.) que lhe repete a pergunta indicada; logo, L. = livre;

- pois é... ; [soube que J. S. - «ex-bibliotecária», «sai na lista de Outubro...; efectivos, restam 6..., só uma «abaixo dos 60»...]

segunda-feira, agosto 28, 2023

«as armadilhas da autoficção»

 Não sendo «assinante», só é possível ler a parte inicial do artigo de José Mário Silva, ora no «Expresso»; assim, não se pode entender a referência «armadilhas da autoficção»

O amor breve dos pais famosíssimos [...] paira sobre a escrita exemplar de Linn (com a mãe, numa imagem de 1976) que fala de si e da sua família sem cair nas armadilhas da autoficção

 

Li Erben/Getty Images

Recorte(s): Logo no início deste livro assumidamente híbrido, algures entre ficção e autobiografia, a romancista Linn Ullmann deixa um aviso: “Se existisse um telescópio que pudéssemos apontar para o passado, eu poderia dizer: olha, aqui estamos nós, foi assim que aconteceu.” O “nós” é uma “constelação” familiar que não chegou propriamente a existir: “Eu era filha dele e filha dela, mas não era filha deles, nunca fomos três, e, quando vejo a pilha de fotografias que tenho à minha frente na mesa, não encontro uma única imagem em que apareçamos os três juntos. Ela e ele e eu.” [...] O “eu” que narra, e por vezes se desdobra num “ela” (sobretudo ao evocar a infância), é Linn, última a chegar entre os nove filhos de Bergman.

quarta-feira, agosto 09, 2023

M. , director da A. A.

 [às 9 e 50, no CC VdaG «pós - JMJ», à espera da abertura da FNC; lendo Os Inquietos» (p. 230) e a fixar imagens para futuras ... ]

- pelas 4 e 40, desligou a «APN»; esforçou-se tanto, para fixar as imagens «anteriores», que não religou a MÁQ.a = índice alterado...]

- esteve a conversar com M. R. de S. (onde, esqueceu) - tentou fixar os 2 temas principais, esqueceu - depois, num táxi, continuou a conversa (idem, esqueceu); junto à «AA», M. saiu e o taxista perguntou a D. quem era - «já foi Presidente da República, agora é Director da «Escola do Paraíso»

sexta-feira, agosto 04, 2023

«telefones no congelador»

 [excerto seguinte da narrativa da Entrada anterior]

  [...] A minha mãe teve muitos namorados, mas acho que não gostava deles. Esperava, como Penélope, que o homem certo chegasse a casa. Tinha um telefone Cobra, branco, na mesinha de cabeceira. Era o que mais usava. Preferia estar no quarto. onde se sentia à vontade com uma das suas camisas de noite de seda. Quando me deitava ao seu lado [...] Tínhamos também um telefone na sala. Era um Cobra vermelho. Tocava sem parar. Quando a minha mãe não suportava o barulho, arrancava os dois telefones - o vermelho e o branco - das fichas e punha-os no congelador.
                                              
                                                  Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, pp. 96 - 97

quinta-feira, agosto 03, 2023

«homens, tão simples quanto isso»

  [...] Já muito se disse e escreveu acerca do rosto da minha mãe, dos seus olhos, lábios, cabelo, da sua vulnerabilidade angustiante, de como as melhores actrizes canalizam todos os sentimentos para a área em redor da boca, mas nada disseram sobre as orelhas. Em pequena, gostava de me deitar bem juntinho  a ela e de lhe passar a mão pelo cabelo. Era tão pequena que ainda não tinha palavras para a beleza nem para o amor; estava, como a maioria das crianças em tenra idade, centrada no que era grande e no que era pequeno, e a  minha mãe tinha pés e orelhas grandes. Deitávamo-nos na sua cama de casal com pernas amarelas e lençóis floreados, e eu tinha permissão para lhe afagar o cabelo enquanto ela, por exemplo, lia um livro ou falava ao telefone. Terminava amiúde as chamadas com as palavras «homens, tão simples quanto isso». Dizia-o um pouco para o ar depois de pousar o auscultador. Homens, tão simples quanto isso. A minha avó também dizia homens, tão simples quanto isso. [...]

Linn Ullmann, Os inquietos, 2023, p. 96

sábado, julho 22, 2023

«C de C»

  - obra «miscelânica», de curtas narrativas que «cruzam Géneros de Famílias Diarísticas» [outros recortes: AQUIAQUI]

O JARDIM
É a hora do almoço. Sento-me um bocado no jardim da Rotunda da Boavista à sombra, a comer uvas. Há sempre por ali tipos que vivem ao deus-dará. Um deles está à minha frente, deitado na relva com uma garrafa de água, vazia, nas mãos; traz demasiada roupa para este calor. Um outro, que parece mesmo Boudu salvo das águas, sentado num banco à minha esquerda, muito aprumado; de vez em quando bebe vinho de um pacote. Nem abro o livro, fico quieta a ouvir. Eles não se incomodam comigo, conversam, trocam informações sobre banhos e roupas  lavadas e passadas a ferro) que se compram por um euro, no Amial. Frases curtas, interjeições, pausas, repetições. «O Zé maluco não se vai aguentar no Magalhães Lemos.» Acendo um cigarro.

Cristina Fernandes. C de C, Flop, p. 121

terça-feira, julho 18, 2023

«O primeiro Dia...», Serena Cacchioli

 - após algumas semanas nas Mesas FNC, despertou a atenção de R.; são 109 curtas narrativas AUTOBIOG.as, tendo como motivo central a Figura Materna; lidos, hoje, dia 18,  apenas cerca de 20, que recorte(s) reproduzir, eis já a dificuldade...; terminada a 20, em S. TEOT., na espera do jantar para a GENER...; 

RECORTE(S):
103 / Antes de ser internada pela última vez em Setembro, a mãe tinha firmemente decidid0 que me acompanharia no primeiro dia da escola primária [...]
   A Ada contou-me que eu estava radiante. Havia muita gente [...] Para me acompanharem, para a acompanharem
 

 Serena Cacchioli, Demasiado estreita, esta morte, 2023, p.146

quinta-feira, julho 13, 2023

Zmab, dia 6 +

  [pelas 8 e 30, da ESPL. da Dona L., viu passar C. T., o ARQ,o; pelas 10 e30, no EUROM, reencontro com Qd,a de 2000; o «mesmo olhar», falar, rir, tiques expressivos...; atingida a p. 131 de «O infinito...»]

RECORTE(S):

    49 / [...] A minha mãe lia-me histórias à noite. O nosso pequeno teatro nocturno não estaria em perigo enquanto eu não soubesse ler. O que queria mesmo era aprender a escrever Quando era pequena achava que os livros tinham sido escritos para mim, que o único exemplar do mundo

Irene Vallejo, O infinito num junco, 2020, p. 131

quarta-feira, julho 12, 2023

«Primeiras histórias»

 [atingida a p. 111, na ESP. do R.]

RECORTE(S):

    37 / Quando era pequena achava que os livros tinham sido escritos para mim, que o único exemplar do mundo estava em minha casa. Estava convencida: os meus pais [...] tinham-se ocupado, nos seus momentos livres, de inventar e fabricar as histórias que me ofereciam. As minhas histórias preferidas, que eu saboreava na cama, com a manta até ao queixo, na voz inconfundível da minha mãe, existiam, claro está, só para que eu as ouvisse. E cumpriam a sua única missão no mundo quando eu exigia à gigante narradora: «Mais!»

Irene Vallejo, O infinito num junco, 2020, p. 109

sábado, junho 10, 2023

«Horta das Couves Futebol Clube»

 - Recorte(s) das pp. 70-71 da «leitura em curso», alcançada na ESP. do R., pelas 9 e 30:

[...] Perto da casa da Melva encontrámos o Ayoze e o Mencey, dois rapazes um ano mais novos do que nós, mas que eram muito espertos. Estavam a jogar à bola e tinham de ir a correr permanentemente pela estrada porque a bola lhes fugia e às vezes chegava até à parte de baixo da igreja. Nesse dia estavam a jogar no caminho, mas na maior parte do tempo jogavam na Horta das Couves Futebol Clube, uma espécie de campo de futebol improvisado numa das hortas por trás do tanque. Como o bairro era todo íngreme, a  Horta das Couves Futebol Clube também era. [...] Meninas, e se jogássemos aos apalpanços?, perguntaram-nos quando nos viram a saltar pela estrada abaixo. Eu parei, mas a Isora continuou a avançar e, lá em baixo, gritou-lhes que não, que nós íamos brincar às nossas coisas. [...] Dei meia-volta e segui-a rápido rápido porque tive medo de que os rapazes nos mandassem uma bolada por nos armarmos em boas e quando cheguei ao pé da Isora travei fixando os ténis no asfalto. A Isora voltou a tirar as cuecas do rabo e asfixiada e sem ar, muito corada, disse-me shit, alguma vez viste o pirilau do Simpessón quando está para fora? Não parece um batom vermelho?

Andrea Abreu, Pança de burro, Bertrand, 2023, pp. 70-71

segunda-feira, maio 29, 2023

O menino grapiúna e Camões

 - Evocações de Infância, mas não só, em pouco mais de 100 páginas, em «letra grande», ilustrado, de 81, 82

RECORTE(s) da 18.ª, e última narrativa:

    O primeiro dever passado pelo novo professor de Português foi uma descrição tendo o mar como tema. A classe se inspirou, toda ela, nos encapelados mares de Camões, aqueles nunca dantes navegados, o episódio do Adamastor foi reescrito pela meninada. Prisioneiro no internato, eu vivia na saudade das praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema da minha descrição.
    Padre Cabral [...] Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor [...] Tinha certeza, afirmou, que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regateou elogios. Eu acabara de completar onze anos. [...]

Jorge Amado, O menino grapiúna, Europa-América, S/D (1992?), pp. 115-116

quinta-feira, maio 25, 2023

No 25, Ruy Castro estava em Lisboa + «O oitavo selo»

 - então jovem, Ruy Castro trabalhava para as «Selecções» e morava em Campo de Ourique; evoca «esse tempo» em entrevista à «Mensagem», jornal de Lisboa [...]

RECORTE(s): 

Como foi testemunhar o 25 de Abril?
Foi uma surpresa, afinal na minha percepção de estrangeiro, a ditadura tinha durado 48 anos e parecia que iria durar outros 48. Na manhã do dia 25, quando acordei, a rádio só tocava umas marchas militares. Liguei para uma jornalista amiga minha que me disse mais ou menos o que estava acontecendo. Fui para a redação das Selecções a pé, pois não havia autocarros nem táxis. Cheguei lá e encontrei o diretor da revista, um tipo que tinha muito amigos entre os escritores fachos, trancafiado e com cara de assustado. Era daqueles que andava sempre arrumado, mas estava descabelado e com a roupa amassada, como se tivesse dormido por lá. Não havia o que escrever sobre o 25 de Abril, a revista não cobria esse tipo de notícia. Desci então até o Chiado e vi a revolução acontecer. Até um dia desses, ainda mantinha numa gaveta o cravo vermelho que uma mulher me ofereceu.
Uma testemunha que não podia escrever sobre o 25 de Abril.
Nem por isso. Era o único jornalista brasileiro em Portugal naquela época. Se chegou algum outro, foi depois, talvez depois de 1 de maio. Em frente ao prédio da Selecções ficava o escritório comercial da Manchete. Bati na porta deles e me ofereci para ser o correspondente da revista, que também não tinha repórteres por aqui. Durante seis meses, cobri os desdobramentos da revolução. Fiz várias matérias de capa, mas nenhuma matéria era assinada, para evitar problemas com os meus patrões americanos. [...]
Lançamento de livro de Ruy Castro, A Vida por Escrito, na livraria da Travessa, em Lisboa RAQUEL WISE/TINTA-DA-CHINA

- entrevista - artigo, no Ípsilon, a 16 de Junho, sobre  A vida por escrito** - sobre o Género Biográfico - que veio lançar em Lisboa, também tratado no item acima - RECORTE(S) do final:
[...] Será o biógrafo biografável? Ruy Castro aplica a si próprio o que defende para os outros: “A minha biografia? Primeiro: isso só será feito por cima do meu cadáver. [...] Já foi feito um livro, que é a minha história limitada aos meus, até então, sete confrontos com a morte. É O Oitavo Selo, da Heloísa.” Editado em 2014, foi buscar o título ao filme de Bergman O Sétimo Selo (1957). Heloísa explica: “São os sete confrontos dele com a morte. O oitavo selo seria o que estava em aberto. Hoje já estamos no nono ou décimo, relacionados com coração, língua, fígado, nariz, pulmão… Mas o Ruy sempre foi salvo pela palavra. Sempre tinha um livro para terminar, então não podia morrer.”                                                [sublinhados acrescentados]
- ** a 29 de Junho, na FNC-COL., atingida a p. 55 - obra com questões afins às discutidas no MESTR.o - 02 - 05, com exemplos q. b.

domingo, maio 14, 2023

Zmab + «arranca-se num instante», seg. MEC (crónica de)

- Continua difícil levar a General à Zmab [desde Julho...]; não ajuda nada o que ontem ouviu ao telefone - talvez dito por M. G. da S., que «mora» em frente da Barragem de S. C. - sobre «a cor da Água...»;

- quanto à «desprotecção» da Paisagem Protegida, que já leva décadas..., «ponto da situação» no Artigo de hoje do «Azul-Público»: AQUI

- M. E: C. - «em tempos», «ZMAB visitante», reage ao anterior, em Crónica de 19 de Maio - «O horror provisório»

RECORTE:

[...] No Verão passado, depois de mais de dez anos sem lá ir, voltei a visitar a Zambujeira e Odemira e, apesar de estar preparado para o que ia ver, fiquei chocado com a extensão das estufas mesmo ali à beira-mar. Parecia que uma paisagem diferente, de uma terra diferente, de um país diferente, tinha caído em cima da paisagem que eu conhecia, enterrando-a para sempre. [...]  [sublinhados acrescentados]

quarta-feira, maio 10, 2023

Helder Macedo

 - sempre que se lê um romance «com Gémeos M. + F., ou outros» - no caso, personagens narradoras «à vez» - recorda-se a leitura, lenta e marcante, de Pedro e Paula, de 98, de Helder Macedo, [...] ; de seguida, verificou-se «as existências» da obra de H. M. [D. lembra-se de o ver e ouvir na C. da C., quando foi S. de E., por aí por....] e «as disponibilidades» (para acrescentar um pouco as «existências», se e quando possível... (...);

[a 15 de Maio, na FNC: «pode verificar, no COMP.,  os livros disponíveis de H. M.?»; [jovem FUNC]: «escreve o quê?»; «poesia, romance, Ensaio... - e ainda está vivo....»]; 

[Seminário «Modos da Melancolia», «D. Duarte e o pecado da tristeza», em Maio de 2022]

Fotografias tiradas por Ana Hatherly, dos amigos Jorge de Sena, Helder e Suzette Macedo em sua casa londrina, anos 60 - [copiada do OBSERV.]

 - na Santa, destaca-se uma entrevista ao OBS, de 2018, de antes do Letreiro «Só para assinantes», logo, completa [...], e a da Revista «Desassossego, de 2016

- [de 98, Entrevista de Clara F. Alves, na «RTP Arquivos»];  [de 2005, «Entre Nós», na «RTP Arquivos» + «Por outro lado», Ana Sousa Dias]

domingo, maio 07, 2023

Zmab

 - 5 e 35, desligar da «APN»

Após alguns dias na Casa Velha (cerca de 50 m2, na Rua da Graça), o casal convidado e os seus 7 Infantes partiram sem se despedirem, sequer; a General destacou «o modo como se tinham tão bem acomodado em tão exíguo espaço»; foram depois à Casa Nova (Rua dos ALTEIr.os) e a General enfatizou :«ainda bem que não os trouxemos para aqui - olha só o trabalho que daria a limpar...»;

- afinal, a Casa Velha é a terceira numa ladeira, na qual a água do Mar já «beija» a primeira, o que levou a General a comentar: «daqui a 10 ou 15 anos, o J. já não terá esta Casa...»

segunda-feira, maio 01, 2023

«Shakespeare nas dunas», Antonio Prata

- já «começado», um 1.º EX. foi para C. V. (E. F., recém-chegada, em 2017?), num C. de T.; um 2.º para Jone (confirmou-se, ontem, que ainda não o leu...); só agora acabado, um 3.º EX. [...] - [na sexta, C. F. pediu-o emprestado...]

Recortes:
[...] Por mais divertidas que fossem nossas atividades praianas, um mês é muito tempo e era inevitável que em algum momento fôssemos visitados por aquele implacável companheiro da infância: o tédio. No final de uma manhã, lá pela terceira semana, cansados do mar, da areia, dos «croquetes», pastéis, picolés e barrigas dos baiaucus, nos encarapitamos sob o guarda-sol e, emburrados, pusemos em prática a única estratégia que conhecíamos para espantar a infelicidade: azucrinar a vida dos adultos até que eles nos trouxessem alguma solução. [...]
[...] Conhecendo intuitivamente o antídoto, minha meia-irmã bateu os olhos no livro que seu pai tentava ler e perguntou o que era. Romeu e Julieta, ele disse, e não o deixamos mais continuar a leitura: «Sobre o que é? Por que eles não podiam casar? Onde fica Verona? Dá para chegar de carro? E de barco? Pra que lado? È antes ou depois da África?»  [...]
     Daquele dia em diante, quando voltávamos da birita, entupidos de Fanta Uva e pastel, sentávamos nas esteiras e, até o sol se pôr, ouvíamos a continuação da história. [...]

Antonio Prata, Nu, de botas, Tinta-da-China, 2017, pp. 111-112


quarta-feira, abril 12, 2023

«porque hoje é sábado» - Vinicius por Manuel S. Fonseca

 - obra recente, vai para a «secção respectiva», por ora «fintando» a »Mesa das Trocas»; evocações AUTOB., de Infância, de Juventude, em «espaço colonial angolano», em curtos capítulos, com múltiplas referências a filmes e canções [...]; a cerca de 30 páginas de terminar a leitura [...]

RECORTE(S)
     Já tinha visto Os quatro cavaleiros do Apocalipse, estranho filme de Vincente Minnelli. Sabia da guerra no  mato de Angola, mas fome, peste, morte? Os meus 17 anos só tinham olhos para o gira-discos novo, comprado com o primeiro salário colonial. [...]
     Do outro lado da rua, o musseque. A música chegava lá. No Natal desse ano, pus os Led Zeppelin de lado e abri os ouvidos aos fados dos meus pais. Era um disco gravado por Amália e Vinicius na casa da Rua de S. Bento, [...]. Ouvia, em Luanda, um encontro de Portugal e Brasil como nunca mais houve. [...] Vinicius a dizer O Dia da Criação? Melopeia encantatória,  [...] 
    «Neste momento há um casamento», clamava a voz do poeta, «Porque hoje é sábado», diziam os convivas. [...]
                                
                                           Manuel S. Fonseca. Crónica de África, 2023, p. 106

quinta-feira, março 30, 2023

»Biografia», Hierro Lopes, B.

 - [como que de lugares secretos, onde esperaram o tempo necessário, «emergem» leituras como as deste pequeno volume de curtas prosas líricas, autobiog., também; foram sendo lidas, «fora de ordem», no «35», até à ALAM. e volta]

Recorte de «Biografia» (pp. 20-21):

[...] Uso ao peito a medalha dos anjos