sábado, setembro 08, 2012

CARTA DE MONTREAL (2.ª via)

[NOTA: o que se segue foi inserido no «JOC», em 31 de Outubro - é aqui reinserido, com mais um ou outro Corte;
neste momento, M. G. já regressou - o «Tempo engana-se ou não nas Casas onde mora?» - L. Represas]

[M. G. foi para Montreal.
Para G., a Menina é M. A. P., pelo Avô]

Alguns Recortes da sua última Missiva
- devidamente autorizados pela própria - e com acentos «recolocados»
- visão desassombrada - só possível com o Tempo e, ou, a Distância, tal como «prega Frei G.», que também serve para «problematizar» um termo da «Moda»: Globalização

SEGUNDA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2011
escola
      O Canadá, ou melhor, o Quebec, não é aquele sítio onde tudo acontece bem, no tempo certo e em que todos os aspectos da sociedade coabitam em harmonia; aliás, foi preciso eu afastar-me de Portugal, melhor dizendo, de Lisboa e da querida A. A., para começar a perceber a sorte que eu sempre tive e fui tendo [...].
    Aqui, o ano [...] equivalente em idade ao meu 12.º chama-se «5ieme secondaire»; depois desse último ano, os estudantes vão para o Cgep - college - que é uma espécie de preparação antes da universidade, já na área escolhida, e que dura dois anos, e só depois entram para os verdadeiros cursos.
      As disciplinas do 5ieme secondaire são pobres em conteúdo e muito fáceis; artes plásticas não presta e é a opção que toda a gente escolhe para não ter química e física, ou seja, são horas para passar o tempo e fazer uns gatafunhos de imaginação (como se fosse algo muito sério e interessante, o professor fala da matéria como uma grande aprendizagem que ali estamos a ter....; enfim).
      Tenho muitas saudades de desenhar, ter aulas de desenho com tempo contado, com metas, até regras, mas regras que façam sentido - não como as que há aqui. [...] . Sinto que estou a «emburrecer»; ou melhor, que não estou a ser estimulada e que não me consigo auto-estimular tanto como quereria. "Tem calma, isso há-de vir", dizem-me todos os daí, [...]; mas eu gosto muito de aprender, [...]
        
[...] Aqui, os estudantes do ensino obrigatório são tratados como crianças, todas iguais, que não sabem decidir por si e que por isso têm é que seguir as regras e calar-se. Não há casacos sem ser do uniforme [...]; não se come fora da cantina; não se pode ir aos cacifos, se se chegar atrasado, ou ir buscar algo essencial durante as aulas; [...]
    Como é que é suposto que estes estudantes acabem o secundário sem opinião? Por que é que, para variar, não estou no «mesmo comprimento de onda» da maioria das pessoas que tenho à volta, o dia inteiro? [...]

     Que não se deixe de fazer crescer os alunos A. A.; saem de lá com alguma coisa que realmente interessa na cabeça. [...]
[alguns sublinhados acrescentados]

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.