sábado, julho 22, 2023

«C de C»

  - obra «miscelânica», de curtas narrativas que «cruzam Géneros de Famílias Diarísticas» [outros recortes: AQUIAQUI]

O JARDIM
É a hora do almoço. Sento-me um bocado no jardim da Rotunda da Boavista à sombra, a comer uvas. Há sempre por ali tipos que vivem ao deus-dará. Um deles está à minha frente, deitado na relva com uma garrafa de água, vazia, nas mãos; traz demasiada roupa para este calor. Um outro, que parece mesmo Boudu salvo das águas, sentado num banco à minha esquerda, muito aprumado; de vez em quando bebe vinho de um pacote. Nem abro o livro, fico quieta a ouvir. Eles não se incomodam comigo, conversam, trocam informações sobre banhos e roupas  lavadas e passadas a ferro) que se compram por um euro, no Amial. Frases curtas, interjeições, pausas, repetições. «O Zé maluco não se vai aguentar no Magalhães Lemos.» Acendo um cigarro.

Cristina Fernandes. C de C, Flop, p. 121

terça-feira, julho 18, 2023

«O primeiro Dia...», Serena Cacchioli

 - após algumas semanas nas Mesas FNC, despertou a atenção de R.; são 109 curtas narrativas AUTOBIOG.as, tendo como motivo central a Figura Materna; lidos, hoje, dia 18,  apenas cerca de 20, que recorte(s) reproduzir, eis já a dificuldade...; terminada a 20, em S. TEOT., na espera do jantar para a GENER...; 

RECORTE(S):
103 / Antes de ser internada pela última vez em Setembro, a mãe tinha firmemente decidid0 que me acompanharia no primeiro dia da escola primária [...]
   A Ada contou-me que eu estava radiante. Havia muita gente [...] Para me acompanharem, para a acompanharem
 

 Serena Cacchioli, Demasiado estreita, esta morte, 2023, p.146

quinta-feira, julho 13, 2023

Zmab, dia 6 +

  [pelas 8 e 30, da ESPL. da Dona L., viu passar C. T., o ARQ,o; pelas 10 e30, no EUROM, reencontro com Qd,a de 2000; o «mesmo olhar», falar, rir, tiques expressivos...; atingida a p. 131 de «O infinito...»]

RECORTE(S):

    49 / [...] A minha mãe lia-me histórias à noite. O nosso pequeno teatro nocturno não estaria em perigo enquanto eu não soubesse ler. O que queria mesmo era aprender a escrever Quando era pequena achava que os livros tinham sido escritos para mim, que o único exemplar do mundo

Irene Vallejo, O infinito num junco, 2020, p. 131

quarta-feira, julho 12, 2023

«Primeiras histórias»

 [atingida a p. 111, na ESP. do R.]

RECORTE(S):

    37 / Quando era pequena achava que os livros tinham sido escritos para mim, que o único exemplar do mundo estava em minha casa. Estava convencida: os meus pais [...] tinham-se ocupado, nos seus momentos livres, de inventar e fabricar as histórias que me ofereciam. As minhas histórias preferidas, que eu saboreava na cama, com a manta até ao queixo, na voz inconfundível da minha mãe, existiam, claro está, só para que eu as ouvisse. E cumpriam a sua única missão no mundo quando eu exigia à gigante narradora: «Mais!»

Irene Vallejo, O infinito num junco, 2020, p. 109