domingo, fevereiro 11, 2018

Brecht, Baal + João Lourenço

Em 1980, João Lourenço dirige "Baal", de Bertolt
Brecht, no Teatro da Trindade.Na fotografia,
o encenador com João Perry e Mário Viegas
- entre Abril de 78 e Dez. de 80, foi a C. da C.; ainda D. insistia com MED e, à tarde, estudava na Sala...; às vezes aparecia M. V. (...); 
- a dado passo, J. L. tornou-se visita regular, com os pais (houve sociedade num dos novos REST. de J. V.?..;  chegaram a ser 7...)
- manhã morrinhenta; nuvens escuras que «não dão água», pela tarde; Envelopes fracos, logo rápidos; pequena Pausa, tempo, por ex.º, para ler
esta ENTREV. a J. L.
RECORTE:
Pergunto-lhe: o que é que ainda tem do miúdo que se “entusiasmou” com aquele rei no Teatro Nacional?
[Longa pausa] O sonho. Poder sonhar. Acho que o teatro, como um livro, como o cinema, a pintura, faz-nos sonhar — mais até o teatro do que os livros, o cinema ou a pintura –, faz-nos pensar. Quando estamos a assistir a um espetáculo temos que imaginar muita coisa. No teatro podemos dizer que há relva, que há uma catedral, e não está lá nada e nós imaginamos o que quisermos. A imaginação sempre foi para mim importante, desde miúdo. E, portanto, ainda hoje existe em mim. E isso que tenho do miúdo: sonhar com histórias. E depois comecei a ver que essas histórias seriam as histórias da minha vida – e as histórias da vida de todos nós. E comecei a ver que era importante contar essas histórias no teatro.


domingo, fevereiro 04, 2018

Torga: a «despedida do nome civil» OU «entre Cristo e Judas»

1934

Publica a novela A Terceira Voz. É com este livro que adopta o nome literário Miguel Torga. No prefácio, a despedida do nome civil é assinada por Adolfo Rocha:

Com um ósculo vo-lo entrego. Chama-se Miguel Torga. Somos irmãos e temos a mesma riqueza. Mas há dias reparámos nesta coisa simples: para que aos vossos olhos um de nós surgisse Cristo, necessariamente o outro tinha de fazer de Judas. E eu sacrifiquei-me. […] Ficas tu, Miguel Torga, mas não me chames Judas, porque só para efeitos legais (já que o auto tem de abrir com todas as cerimónias do estilo) eu me resigno a ser aquele [3!]* que, cheio de remorsos, se enforcou numa figueira e, dela pendente, jaz, ad aeternum morto, comido dos bichos e com a língua de fora… Adolpho Rocha


[sublinhados acrescentados; reproduzido de «EspaçoTorga»]
* acrescentado