domingo, fevereiro 04, 2018

Torga: a «despedida do nome civil» OU «entre Cristo e Judas»

1934

Publica a novela A Terceira Voz. É com este livro que adopta o nome literário Miguel Torga. No prefácio, a despedida do nome civil é assinada por Adolfo Rocha:

Com um ósculo vo-lo entrego. Chama-se Miguel Torga. Somos irmãos e temos a mesma riqueza. Mas há dias reparámos nesta coisa simples: para que aos vossos olhos um de nós surgisse Cristo, necessariamente o outro tinha de fazer de Judas. E eu sacrifiquei-me. […] Ficas tu, Miguel Torga, mas não me chames Judas, porque só para efeitos legais (já que o auto tem de abrir com todas as cerimónias do estilo) eu me resigno a ser aquele [3!]* que, cheio de remorsos, se enforcou numa figueira e, dela pendente, jaz, ad aeternum morto, comido dos bichos e com a língua de fora… Adolpho Rocha


[sublinhados acrescentados; reproduzido de «EspaçoTorga»]
* acrescentado

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