segunda-feira, maio 01, 2023

«Shakespeare nas dunas», Antonio Prata

- já «começado», um 1.º EX. foi para C. V. (E. F., recém-chegada, em 2017?), num C. de T.; um 2.º para Jone (confirmou-se, ontem, que ainda não o leu...); só agora acabado, um 3.º EX. [...] - [na sexta, C. F. pediu-o emprestado...]

Recortes:
[...] Por mais divertidas que fossem nossas atividades praianas, um mês é muito tempo e era inevitável que em algum momento fôssemos visitados por aquele implacável companheiro da infância: o tédio. No final de uma manhã, lá pela terceira semana, cansados do mar, da areia, dos «croquetes», pastéis, picolés e barrigas dos baiaucus, nos encarapitamos sob o guarda-sol e, emburrados, pusemos em prática a única estratégia que conhecíamos para espantar a infelicidade: azucrinar a vida dos adultos até que eles nos trouxessem alguma solução. [...]
[...] Conhecendo intuitivamente o antídoto, minha meia-irmã bateu os olhos no livro que seu pai tentava ler e perguntou o que era. Romeu e Julieta, ele disse, e não o deixamos mais continuar a leitura: «Sobre o que é? Por que eles não podiam casar? Onde fica Verona? Dá para chegar de carro? E de barco? Pra que lado? È antes ou depois da África?»  [...]
     Daquele dia em diante, quando voltávamos da birita, entupidos de Fanta Uva e pastel, sentávamos nas esteiras e, até o sol se pôr, ouvíamos a continuação da história. [...]

Antonio Prata, Nu, de botas, Tinta-da-China, 2017, pp. 111-112


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