quinta-feira, dezembro 08, 2016

«Criar = Cruzar Influências...» - Bruce S.

[a quantidade de «VídeosBruce» na Santa...; 
J. usa-os como Fundo, sobretudo quando tem que fazer as tarefas do Dever - Envelopes, por ex....]


[a autob. foi adq. no dia do lançamento - 21 de Setembro - por «ordem» da General Z. - que, afinal, nem do 1.º Cap. passou... - tem sido lida, paulatinam., no ESC. MAT., nas manhãs mais «folgadas»...]

- atingida a p. 346:
      "Sem teto e sem a mais pequena ideia de para onde me virar, decidi perder-me no terreno ligeiramente mais controlável da minha vida musical. Com a teia do meu passado a colar-se ao meu trabalho, virei-me para o mundo que conhecera em criança, e com o qual mantinha alguma familiaridade, e que agora me estava a chamar..
     Nebraska começou como uma meditação inconsciente sobre a minha infância e os seus mistérios. Ali não havia nenhuma agenda política ou tema social. Eu estava à procura de um sentimento, de um tom que soasse ao mundo que eu conhecera e que ainda trazia dentro de mim. O que restava desse mundo continuava a dez minutos de carro [...] Os fantasmas de Nebraska saíram das muitas viagens passageiras que fiz às ruas da cidadezinha em que eu tinha crescido. A minha imaginação buscou inspiração em várias fontes, a minha família, Dylan, Woody, Hank, os contos góticos norte-americanos de Flannery O'Connor, os romances noir de James M. Cain, a violência serena dos filmes de Terence Malick, a fábula decadente The Night of the Hunter, realizada por Charles Laughton. Tudo isso mais a voz mortiça e plana que ecoava pela minha cidade durante as noite em que não conseguia dormir. A voz que eu ouvia quando vagueava num transe, às três da manhã, até à sacada da minha casa, para sentir o calor pegajoso e ouvir o silêncio das ruas, à exceção do ruído ocasional dos camiões de atrelados a gemer como dinossauros debaixo da nuvem de poeira, quando saíam de South Street para se afastarem da cidade pela Route 33. E depois... silêncio.


Bruce Springsteen, Born to run - Autobiografia, Elsinore, 2016, p. 346

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